"Diante deste pesar, meu coração entenebreceu-se de todo.
Tudo quanto via diante de mim era morte. Meus olhos buscavam-no por toda parte, mas não me era concedida a graça de vê-lo. Odiava todos os lugares, porque neles eu não o via. Fugir? Para onde, fugiria meu coração de meu coração? Para onde fugiria eu de mim mesmo? Para onde não acompanhar a mim mesmo? Sentia que minha alma e a alma dele eram uma só alma em dois corpos. E em consequência, minha vida tornou-se para mim um horror, porque eu não poderia viver dividido".
Sto.Agostinho em carta, diante da morte de um amigo.
Essa carta foi escrita por Sto Agostinho por ocasião da morte de um grande amigo. Achei-a num livro na biblioteca onde trabalhei e tive que copia-la. Fala de amor, amor fraternal, mesmo para aqueles que enxergaram malícia, não há, pelo menos para quem tem ou já teve um grande amigo. É daqueles amores de doação, de lealdade incondicional, onde a vida se encarrega de colocar no caminho "irmãos" que não sendo de sangue, são de alma, são para a vida toda. Há uma identificação imediata, um auto- reconhecimento entre amigos assim. É fácil entender uma doação tão plena e uma dor tão repleta da ausência de um amigo, como descreveu Sto.Agostinho.
Li "Confissões" de Sto. Agostinho e li muito sobre a vida dele, foi um escritor fecundo, um grande filósofo e pensador da Igreja Católica. Antes de se converter, Sto. Agostinho teve uma vida de farras, plena dos prazeres da época e da idade. Antes dos 20 anos teve um filho, Adeodato e nem era casado. Seguiu seitas, decepcionou-se com elas, viveu até a última gota tudo o que a vida lhe oferecia. Sto Agostinho é considerado um dos fundadores da Teologia, onde sua principal obra é De Trinitate, composta de quinze livros, uma sistematização da doutrina cristã. Suas obras mais populares, cujo interesse perdura até hoje, são as Confissões (Confessiones), obra autobiográfica, e a Cidade de Deus (De civitate Dei) em que discute o problema do bem e o mal, as relações do mundo material e espiritual. Sto Agostinho tinha uma peculiaridade interessante, era um grande formador de frase, habilidoso com as palavras e a própria escrita. Converteu-se tarde, aos 33 anos e talvez por isso, pela vida que teve antes da conversão é um dos santos mais interessantes da Igreja. Sua vivência antes e depois da conversão deu a base para tudo que escreveu depois, uma base que só estando dos dois lados seria possível.
andrea augusto@angelblue83
Leia mais: http://www.santarita-oar.org.br/agostinho01.htm
* esse post é para você, minha amiga, minha irmã, parte da minha alma e pela qual daria minha vida sem pestanejar, esperando que dias mais leves cheguem.
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