Agora é real, ele esta lá, nossas esperanças aqui. Se tudo vai mudar, se ele vai conseguir realizar o que prometeu ainda não sabemos, mas há tanta vontade que dê certo, nossa, dele, do povo, há um desejo tão grande no ar, que acho sim, que ele consegue. A festa foi tão bonita e de um jeito que só sendo para uma pessoa como Lula. Tinha de ter cavaleiro caindo, tumulto, povo correndo, pacotinhos sendo jogados para ele, pessoas que viajaram dias para vê-lo alguns minutos. Tinha de ser assim. É autêntico, verdadeiro. As pessoas encontram no Lula o vizinho, o pedreiro, o motorista, o advogado, o empresário, o anônimo e nós mesmos e é tão bom se reconhecer no outro. É tão bom amanhecer um novo ano assim. Acho mesmo que 2003 começou hoje.



O outro Brasil vem ai


Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos

Gilberto Freyre
recebi o poema da s.g.

















Hoje é aniversário da minha amiga querida, Leila Míccolis.

Leila nasceu no Rio de Janeiro. É editora, professora de roteiro de televisão, promotora cultural e artista performática. Publicou, entre outros, os livros: Em perfeito mau estado, Editora Achiamé, Rio de Janeiro, 1987; Do poder ao poder - alternativas na poesia e no jornalismo nos anos 60, Editora Tchê, Rio Grande do Sul, 1987; O bom filho a casa torna, editoras Edicon e Blocos, São Paulo e Rio, 1992; Achadas e Perdidas e Sangue cenográfico, Editora Blocos, Rio de Janeiro, 1997.

Hoje mantém a editora e tem um dos maiores sites voltados para a literatura e tudo que a envolve, a Blocos online. Vale uma, duas, várias visitas!



Ciclo bar:



DE REPENTE

Cigarro sem filtro
verdades na mesa
tremosso azeitona
chopinho na tarde
teu beijo molhado
tua voz brincalhona
de sexta a outra sexta...
Saudade mais besta.

leila míccolis



BAR DA ESQUINA

Na saideira, mais uma vez,
a esperança
de embriaguez

leila míccolis


Feliz Aniversário, querida!!


Leia os poemas dela aqui

























Já tinha postado no antigo blog esse "dos diários", mas ao ler no blog dela uma história de amor quase perdido, deu vontade de colocar de novo. Faz pensar que em certas situações o livre-arbítrio é como um caminho bifurcado, a escolha errada pode ser o decreto para o nunca mais ou a certeza de continuar, e ela continuou.











dos diários



Como se o tempo pudesse de alguma forma falar, seria assim uma tentativa de voltar, de saber o que tinha e o que jamais teria. Se o tempo não fosse como os grãos de uma velha ampulheta descendo rápido, seria mais fácil continuar.
O afastamento depurou o que sinto e revestiu de sentido novo cada emoção como se fosse a primeira vez e o encontro eternizou-se no espaço tempo. Foi assim que em algum momento não nos encontramos, mas sim nos reconhecemos como se já soubéssemos da existência mútua e foi assim também que um dia cinza chegou, a noite veio e agora de forma clandestina retorno sempre àquele lugar que a ampulheta não alcança: o sotão onde a memória reside.


andrea augusto©angelblue83






Leminski

Meu coração lá de longe
faz sinal que vai voltar
mas meu peito escreve em bronze
não há vaga nem lugar
para que serve um negócio
que não pára de bater
até parece um relógio
que acabou de enlouquecer
pra que serve quem chora
quando estou tão bem assim
o vazio vai lá fora
cai macio dentro de mim?


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