Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
Com algumas modificações esse poema seria perfeito para resumir a sinopse do filme "Separações", de Domigos de Oliveira.
Mais uma vez os (des)encontros amorosos foram retratados numa tragicomédia, deliciosa por sinal.
O tema partiu de um livro que Domingos de Oliveira leu sobre pacientes terminais, o que não deixa de ser interessante, quem não fica "terminal" quando esta apaixonado? Tudo fica urgente, é pra já, agora, uma fome única.
"No livro a partir de centenas de entrevistas, os médicos descobriram que todos passam pelas mesmas fases, desde a descoberta da doença até a morte — negação, negociação, revolta e aceitação. Comparando a relação a dois à situação do paciente terminal, ele escreveu a peça sobre separações numa estrutura em quatro atos, cada um correspondendo a um desses movimentos."
Essa peça deu origem ao filme.
Começa então um desenrolar de situações que emocionam, que nos fazem rir e pior, pensar: "acho que já vi esse filme antes". Quem não viveu o conflito de estar junto e querer ser livre, como se estar com alguém fosse uma prisão e não uma opção, uma vontade, uma escolha?
Sinopse simples: Rio de Janeiro, anos 90. Encontros e desencontros de um casal com problemas conjugais que revelam um retrato da vida noturna dos intelectuais cariocas. Glorinha e Cabral são casados há 12 anos, e são apegadíssimos, apesar da grande diferença de idade- ele é 23 anos mais velho. Porém, eles se sentem asfixiados com o casamento, e decidem dar um tempo. As coisas ficam complicadas, porque ela se apaixona por um jovem arquiteto.
Recheado de diálogos engraçados ou melhor tragicômicos, o filme não cai no climão depressivo, pelo contrário mostra o que a nossa geração anda vivendo, todo mundo quer ter um grande amor, quer encontrar sua alma gêmea penando por aí, de preferência sozinha, aquele amor de filme onde a cada encontro violinos invisíveis tocam somente para o casal, mas não quer abrir mão de nada, confunde compartilhar uma vida, dividir, com o carandiru no pior dos seus dias. Acha que fidelidade não é uma escolha e sim uma aberração, well, há execeções, claro. O final do filme não conto, vejam, é ótimo. Só deixo uma frase dita pelo protagonista, Cabral, o personagem que Domingos interpreta:
"A verdadeira liberdade de um homem não é seguir seus instintos, mas suas escolhas."
Tirem suas conclusões...
ps: acabei de escrever esse post e fui ao blog do poeta e amigo querido, Iosif e lá tive o prazer de ler mais um dos seus excelentes posts, que para a minha surpresa também fala do filme e melhor, um pouco da vida dele que é tudo. Sou absolutamente fã!
Confiram, vale a pena: http://www.yehuda.blogger.com.br/index.html
Adorei, Iosif!
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