Cora Coralina
Cora Coralina
(Poema Ressalva, extraído do livro Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais)
"Cora Coralina, quem é você?".
" - Sou mulher como outra qualquer. / Venho do século passado / e trago comigo todas as idades"...
"- Sou mais doceira e cozinheira / do que escritora, sendo a culinária / a mais nobre de todas as Artes: / objetiva, concreta, jamais abstrata / a que está ligada a vida e a saúde humana."
Cora Coralina, foi o nome escolhido por Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas para a poeta que vivia dentro dela. Nasceu em 20 de agosto de 1889 e faleceu em 10 de abril de 1985. Teve quatro filhos, 15 netos e 29 bisnetos. Renomada doceira, profissão que exerceu por mais de vinte anos, chegou a deixar um livro de receitas. Embora escrevesse desde os 14 anos, tinha 76 quando seu primeiro livro foi publicado e quase 90 anos quando sua obra chegou as mãos de Carlos Drummond de Andrade, responsável por sua apresentação no mercado.
...
"Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida – A vida mera das obscuras."
(fragmento do poema: Vive dentro de mim)
Carta de Drummond a Cora Coralina.
Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1983.
Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "VINTÉM DE COBRE" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...). Não lhe escrevi antes, agradecendo a dádiva, porque andei malacafento e me submeti a uma cirurgia. Mas agora, já recuperado, estou em condições de dizer, com alegria justa: Obrigado , minha amiga! Obrigado, também, pelas lindas, tocantes palavras que escreveu para mim e que guardarei na memória do coração.
O beijo e o carinho do seu
Drummond.
Extarído de Textos e Contextos
Meu Epitáfio
Morta... serei árvore
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira
Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal
Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.
Cora Coralina
Morta... serei árvore
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira
Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal
Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.
Cora Coralina
Frequentou somente o curso primário e recebeu o título "Honoris Causa" pela Universidade Federal de Goiás de Doutora Feita pela vida.
Doutorada por seus olhos de poeta, pela sabedoria que vem da terra, sem grandes estudos e técnicas, simples como massa de pão, comovente como terra depois da chuva.
Quem era Cora? Uma poeta que fazia doces, uma doceira que escrevia, uma mulher que exercia seu ofício poético com as mãos, escrevendo ou não. Essa era Cora Coralina.
Leia: http://jbonline.terra.com.br/destaques/coracoralina/cora_2.html
http://jbonline.terra.com.br/destaques/coracoralina/cora_5.html
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