Abelardo e Heloísa - Uma História de Amor


Abelardo e Heloísa



Pierre Abélard natural da Bretanha, professor e filósofo nasceu em 1079, falecendo em 21 de abril de 1142. A sua vida pessoal, marcada pela paixão por Heloísa, tem ofuscado os escritos filosóficos, da Introdução à Teologia, de 1115, a Da Unidade e da Trindade Divina.
Não é para menos, tanto que virou filme. Conheci a história de Abelardo e Heloisa, quando por acaso peguei numa locadora o filme "Em nome de Deus". Recomendo. É excelente e além de dar um retrato da época conta a história do filósofo Abelardo e claro, sua história de amor com Heloísa. Tem amor, paixão, ódio, suspense, renúncia, sofrimento e conflito, com um ingrediente especial: foi tudo real.



Abelardo e Heloísa - Uma História de Amor


"Em todas as situações de minha vida (Deus sabe), temo mais te ofender do que ofender a Deus, e desejo mais te agradar do que agradá-lo. Foi tua ordem, e não o amor de Deus, que me trouxe para a vida religiosa. Vê, pois, que vida infeliz e de todas a mais infeliz, levo eu, se, agora, em vão, suporto tantos sofrimentos, pois nenhuma recompensa haverei de ter no futuro"

Heloísa para Abelardo.



O romance entre o filósofo Abelardo e Heloísa, se deu no século XII. Pierre Abélard era um filósofo e teólogo francês e Heloísa sobrinha de um cônego. Este amor resultou no nascimento de uma criança e eles casaram secretamente. O tio dela vingou-se de Abelardo mandando sequestrá-lo e castrá-lo. Depois deste cruel castigo, Abelardo entrou para a vida religiosa e Heloísa, seguindo o padrão do destino partilhado entrou na ordem de freiras beneditinas e mais tarde se tornaria madre superiora no convento do Paracleto, fundado por Abelardo.
Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola-convento de Heloísa. Viam-se diariamente, mas não se falavam nunca. Apenas trocavam cartas apaixonadas. Abelardo morreu em 1142, com 63 anos, Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem, e faleceu algum tempo depois, sendo, por iniciativa de suas alunas, sepultada ao lado de Abelardo.
Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram seu corpo ainda intacto e de braços abertos, como se estivesse aguardando a chegada de Heloísa.

Romantismos à parte, tanto no filme quanto no que se lê a respeito, vemos que Heloísa era mais combativa, apaixonada e intensa. Se Abelardo tivesse chamado ela teria ido sem pestanejar, teria se encontrado com ele quantas vezes ele quisesse mesmo depois dos votos. Por ele, ela seguiu a vida religiosa, apenas porque ele determinou, porque secretamente ela sabia que era mais um meio de estar perto dele ainda que tão longe.




O cachorro aos pés do casal é símbolo de fidelidade




Trecho de uma carta de Heloísa a Abelardo - séc. XII


"...Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo; és tu o credor de enorme dívida, especialmente agora, quando acabo de cumprir tuas ordens de forma tão completa que, quando sentia em mim fraquejar as forças para fazer-te oposição, me comprazia em encontrar energia no teu plano para me destruir. Fiz mais. Por estranho que soe, meu amor atingiu tais atmosferas de loucura que se destituiu do que mais prezava, para além de qualquer esperança de recuperação, quando ao teu imediato comando troquei minhas vestes e com elas meus pensamentos para provar que és o único senhor do meu corpo e minha vontade. Deus é testemunha de que nunca busquei em ti nada além de ti; eras tu o que eu simplesmente desejava, e nada do que era teu. Não busquei laços de casamento, poção casamenteira, e não busquei gratificar meu próprio prazer e meus desejos, como bem sabes, mas os teus. O nome de esposa pode parecer mais sagrado ou aceitável, mas para mim a palavra mais doce sempre será amante, ou, se me permitires, concubina ou puta."


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Leia mais: http://www.pucsp.br/~filopuc/verbete/abelardo.htm
Veja: Em nome de Deus (Stealing Weaven, 1988, Inglaterra/ Iugoslávia)
Direção: Clive Donner
Narra a história verídica do amor entre o filósofo cristão Abelardo e a inteligente Heloísa, na França do século II. Transmite o peso das pressões religiosas medievais sobre a vida das pessoas.

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