Carl G. Jung
Nos
anos 1920, Carl G. Jung saiu em busca de conhecimentos míticos, e em
uma destas viagens no Novo México, um chefe indígena conseguiu
tocar o coração do fundador da psicologia analítica. Em uma
conversa, o indígena americano disse que eles não pensavam "como
os homens brancos, pois estes pensavam com a cabeça". Dr. Jung,
curioso, perguntou se não era com a cabeça que eles pensavam era
com o que? o homem com muita serenidade apontou para o coração,
dizendo "Pensamos aqui". O médico, então, entrou em longa
reflexão e chegou a concluir que ninguém antes o havia traçado uma
imagem tão perfeita daqueles homens inquietos, impacientes e
presunçosos em querer levar a "libertação intelectual"
através da colonização para os outros povos.
Outro
ponto fascinante neste episódio foi que o chefe indígena disse que,
através de sua religião tribal, ajudavam a todos os americanos,
pois eles como filho do "Pai Sol" auxiliavam ao Supremo a
cruzar o céu todos os dias, para a harmonia da Terra. Todos os
argumentos utilizados pelo chefe Pueblo Ochwiay Bianco podem ser
vistos como produções de mentes inferiores, pouco ou nada
intelectualizadas. Mas se pararmos para tocar estas almas humanas em
sua profundidade, como simplesmente outras almas humanas, veremos que
trazem verdades que só o coração pode entender.
Nesta
passagem de Carl Jung, podemos extrair reflexões que levariam horas,
ou até mesmo dias, pois são profundas. Logo de início, porém,
podemos captar a mensagem de não deixarmos que a nossa cultura, o
nosso saber, as técnicas que dominamos, se sobressaiam ao coração
humano. De um lado, um amigo compartilha de crenças diferentes das
nossas, mas se tocarmos o seu coração, veremos que ele tem
conhecimentos que por vezes ignoramos, pois não conseguimos chegar
em reflexões semelhantes das dele. Saibamos respeitar, tolerar, e,
sobretudo, valorizar as diferenças.
Ao
tocar uma alma humana, muitas vezes nos é preciso tirar a capa da
'supremacia intelectual' e nos colocarmos no seu lugar, pois também
não passamos de almas humanas que amanhã podemos tropeçar na mesma
pedra que fez o companheiro de caminhada tombar.
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