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Assassino procurado passa 17 anos escondido em buraco.
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Indenização seria de 100 mil libras (cerca de R$ 480 mil)
Um britânico quebrou intencionalmente a perna da namorada numa tentativa de fraude contra o governo local para receber uma indenização de 100 mil libras (R$ 480 mil).
O homem, que gravou a fraude pelo celular, enfrenta processo judicial em Plymouth, sul da Inglaterra.
No incidente, ocorrido em outubro de 2006, Thomson colocou um tijolo embaixo do joelho da namorada Elizabeth Hingston e pulou com os dois pés em cima da perna com intenção de quebrá-la. Na gravação do telefone celular de Thomson é possível ouvir o barulho do osso se quebrando.
Thomson entrou então com um pedido de compensação no governo local de Plymouth, alegando que um muro havia caído em cima da perna na namorada.
A fraude foi descoberta quando a polícia fez uma busca não relacionada ao incidente na casa de Thomson e encontrou o telefone celular com a gravação.
BBC
Manual da malandragem literária.
As bibliotecas podem ser tanto fonte de prazer quanto de angústia. Estão lá todos os livros que você não leu, e cada lombada parece olhar em sua direção com uma censura silenciosa. Reforçando essa cobrança dos séculos, há uma pressão social sobre o leitor. Dependendo da roda que se freqüenta, pode ser embaraçoso admitir que não se leu um romance de Tolstoi ou de Machado de Assis. Mentir, nesses casos, é uma alternativa arriscada: e se você for convocado a dar uma opinião informada sobre um livro que nunca chegou nem a folhear? Um livro lançado recentemente na França pretende aliviar a culpa do não-leitor. De autoria de Pierre Bayard, psicanalista e professor de literatura francesa da Universidade Paris VIII, o ensaio se intitula Comment Parler des Livres que l'On n'A pas Lus? (Como Falar dos Livros que Não Lemos?). Soa como um incentivo descarado à fraude intelectual, um manual de sobrevivência para filistinos. Com alguma malícia, é, sim, possível aprender uma malandragem ou outra com Bayard (veja o quadro). Mas o livro é, sobretudo, um ensaio inteligente sobre as várias formas de apreciar um livro. A leitura da primeira à última página, em ordem e sem saltos, é apenas uma entre inúmeras possibilidades – e nem sempre a mais compensadora.
O livro que foi largado na metade, ou logo nas primeiras páginas, ou lido aos pedaços, ou apenas folheado – todos eles fazem parte do histórico do leitor. Esse destino atinge não apenas os clássicos mais portentosos e exigentes, mas também as obras de consumo rápido. Uma pesquisa recente na Inglaterra colocou Harry Potter e o Cálice de Fogo, best-seller mundial de J.K. Rowling, em segundo lugar na lista dos livros que os entrevistados compraram mas não chegaram a ler. E O Alquimista, de Paulo Coelho, aparece em sétimo (o primeiro lugar coube a Vernon God Little, de DBC Pierre, vencedor do mais prestigioso prêmio literário da Inglaterra, o Man Booker, em 2003. É compreensível que seja pouco lido: o livro é de uma ruindade atroz). Essas quase-leituras são, de acordo com Bayard, tão válidas quanto a leitura total. Aliás, a idéia de que se pode ler um livro por inteiro seria ilusória. Esse esforço de completude é comprometido por uma limitação humana: o esquecimento. As pessoas começam a esquecer uma página quando ainda estão lendo a seguinte. Com o tempo, vão embaralhando as diversas obras que leram, quando não as esquecem totalmente. Sempre que chamadas a dar sua opinião sobre uma obra literária, acabam falando não do livro efetivo, mas da lembrança imperfeita, distorcida, que guardaram dessa obra.
A exigência de ler tudo de todos os livros é, claro, irreal. Existem até advertências clássicas sobre o excesso de leitura. Sobre Livros e Leitura, ensaio magistral de Arthur Schopenhauer, vai nessa linha. O filósofo alemão recomenda parcimônia ao mergulhar nas bibliotecas: a arte de não ler é importantíssima. Só assim é possível selecionar, no meio da mediocridade que predomina em qualquer época, aquelas poucas obras que realmente valem a pena. "Para ler o bom, uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta, e o tempo e a energia, escassos", pontifica o filósofo. O problema é que o tempo de uma vida mortal é escasso mesmo para quem se atenha somente ao "bom". Todo leitor acaba fazendo algum tipo de recorte na biblioteca dos séculos, para constituir sua coleção íntima. O escritor americano Ernest Hemingway recorda, em Paris É uma Festa, a ocasião em que perguntou ao poeta Ezra Pound o que ele achava de Dostoievski. Pound tinha uma cultura poética assombrosa, trafegando com facilidade dos clássicos gregos e latinos aos trovadores provençais e aos modernistas. Mas sua resposta decepcionou Hemingway: "Para lhe ser franco, nunca li os russos". Pound, que era fã de Stendhal, aconselhou o amigo a ler "os franceses".
O caso não é citado em Como Falar dos Livros que Não Lemos?, mas serviria para ilustrar a sugestão mais polêmica de Bayard: qualquer um pode ter uma opinião legítima sobre um livro, mesmo sem tê-lo lido. Pound, afinal, não se limitou a confessar sua ignorância da literatura russa. Ele insinuou que Dostoievski, afinal, é dispensável para quem já leu Stendhal. Trata-se de uma opinião para lá de discutível, sem dúvida – mas toda opinião literária tem sua dose de capricho pessoal. Bayard lembra que há várias maneiras indiretas de conhecer um livro: pela crítica, por resumos, pelo que os amigos falam, pela posição do livro em catálogos e bibliotecas. Pound com certeza sabia quem é Dostoievski. Teria até uma noção exata de sua importância – e não será descabido especular que sua preferência pelos franceses não mudaria com a leitura de Crime e Castigo. Pois todo leitor, argumenta Bayard, carrega consigo uma biblioteca virtual, um repertório de livros que lhe permite se posicionar diante de qualquer obra – mesmo que não a tenha lido.
Em tempo: Como Falar dos Livros que Não Lemos? não tem previsão para ser lançado no Brasil. Mas agora ninguém pode impedir que se fale dele – mesmo sem ler.
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O BOM FINGIDOR
As malandragens que o psicanalista francês Pierre Bayard sugere a quem deseja falar de um livro que ainda não leu.
NÃO TENHA VERGONHA
Todos têm lacunas na sua formação cultural. Nas rodas em que se discute literatura, não há por que imaginar que o sujeito ao seu lado conheça mais de uma obra do que você.
IMPONHA SUAS OPINIÕES
Opiniões sobre literatura são sempre um tanto arbitrárias. Fale bem ou mal de um livro, mas fale com convicção – e ninguém desconfiará que você não o leu.
INVENTE LIVROS
Todo leitor é traído pela memória. Assim, você pode inventar novos episódios para um livro, ou até falar de autores e livros que não existem. Se alguém apontar o erro, diga, rindo, que sua memória confundiu as coisas.
FALE DE SI MESMO
Oscar Wilde ensina que a crítica literária é uma forma de autobiografia. Fale do significado pessoal que um livro tem para você – mesmo que não o tenha lido.
Revista Veja, 16 de maio de 2007.
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Piadinha:
- Alô? Quem tá falando?
- É o ladrão.
- Desculpe, eu não queria falar com o dono do banco.
Tem algum funcionário aí?
- Não, os funcionário tá tudo como refém.
- Eu entendo.
Trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo,
vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil.
Mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
- Impossível. Eles tá amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né?
Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua.
Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que não, meu amigo. Quanta inguinorânça!
O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar um assalto.
- Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero.
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor.
O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo.
Meu negócio é pequeno.
Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro.
Pra saber de juro é melhor tu ligar pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né?
Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia...
Mas, será que não podia fazer um favor pra mim?
É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim. Que é um assalto, eu sei perfeitamente.
Mas queria saber o número preciso. Seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante.
Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
- Ah, já tava esperando.
Vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Eu... Peraí, bacana, que hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(um minuto depois)
Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Tu achava que era menos?
- Não, achava que era isso mesmo.
Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida,
consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço, pelo telefone, em menos de meia hora e sem ouvir Pour Elise.
- Quer saber? Fui com a tua cara.
Dei umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto.
Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito!
E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica. Tá acertado.
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
- Ih, sujou! (tiros, gritos) A polícia!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
- (sinal de ocupado)
- Alô?... Droga! Maldito Estado.
Sempre intervindo nas relações entre homens de bem!
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