As várias faces de Valério Vieira

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Imagina um homem com uma criatividade inacreditável, nenhum recurso nas mãos e muitas idéias na cabeça. Imagina um homem, um fotógrafo produzir uma foto em 1904 onde todos os personagens, pianista, violoncelista, garçom, maître e até mesmo as figuras nos retratos das paredes tinham o mesmo rosto, o rosto dele mesmo. Imagina alguém fazendo isso sem os recursos do photoshop? Pois é, esse homem existiu, era brasileiro e se chamava Valério Vieira.

Resolvi falar dele porque gosto de fotografia, adoro histórias inusitadas e constato sempre que o diferencial entre a mesmice e o toque de gênio, é a criatividade. Exemplo? Lembro bem de uma viagem onde todos munidos de câmeras tirávamos fotos, seriam todas iguais, se não fosse por um detalhe, "alguém" antes de clicar resolveu colocar os óculos escuros na frente da lente. A mesma foto, de uma praia saiu completamente diferente, céu, mar, sol adquiriram o tom amarelo dourado cheio de nuances da lente dos óculos. Essa é a diferença, o toque, a criatividade, a poesia que se enxerga. Para fotografar é preciso ver e o sentido disso é lato sensu mesmo.
E como hoje é Dia do Fotógrafo vamos a história desse cara genial.

Em 1901, de maneira totalmente inédita à que habitualmente faziam seus colegas no Brasil, ele começou a trabalhar com fotomontagem. Não se sabe como ele teve essa idéia, se pensarmos na fotografia experimental européia e americana, veremos que ela se desenvolve de forma mais consistente no período entre-guerras e Valério Vieira não tem nada com isso. Ele antecede esse momento. Ele não está ligado à fotografia composta, nem com a fotomontagem dadaísta desenvolvida a partir de 1916. Trata-se de algo inovador, único para aquele momento. Foi nessa época que surgiu "30 Valérios", a fotomontagem já citada acima.

Sua criatividade sem limites o faria produzir ainda uma série de panoramas que se tornariam sua marca. Certamente, pela ousadia em produzir nas duas primeiras décadas do século XX várias imagens, não só da cidade, mas de cenas rurais, em grandes dimensões. Além da ousadia técnica de produção, esses panoramas da capital, em especial, o de 1922, produzido para a exposição comemorativa da Independência no Rio de Janeiro, representam um gesto relevante no campo da representação das cidades ao optar pela grande escala deslocando a fotografia para o campo da arte mural.

Vieira nasceu em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1862, filho de um fazendeiro de café. Em 1875, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde freqüentou a Academia Imperial de Belas-Artes, como aluno ouvinte. Entre 1890 e 1893 morou em Ouro Preto, trabalhando como fotógrafo e pintor. Abolicionista, deu o nome de José do Patrocínio ao seu primeiro filho. Em 1894, mudou-se para São Paulo, mantendo sua residência e seu ateliê na Rua 15 de Novembro.
Foi Valério Vieira quem lançou a moda dos "retratos de formatura", cultivados principalmente pelos bacharéis da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Seu estúdio era freqüentado pelos principais políticos da época.

Infelizmente o nosso genial fotógrafo não era muito cuidadoso e não chegou a arquivar, organizar ou mesmo catalogar suas obras, especialmente no que diz respeito às experimentações, ainda assim seu nome ficou e entrou para a história da fotografia brasileira.




Os Trinta Valérios, 1900.

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E por falar em fotógrafos geniais, deixo a história de uma foto feita por Philippe Halsman na qual ele retrata o mestre do surrealismo Salvador Dali.


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Foto Philippe Halsman
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Hoje seria fácil fazer a foto "Dali Atomicus", mas na época de sua realização Philippe Halsman, só pode contar com ajuda da mulher e de quatro assistentes.
Três assistentes jogaram os gatos, um outro jogou a água, e sua esposa a cadeira. E voilá, depois de 26 tentativas e cinco horas de trabalho, ele chegou ao resultado conhecido hoje em todo o mundo.

Mandou pular...

Não bastasse a vocação para fotos inusitadas, Halsman tinha o dom de fazer qualquer um dar pulos diante da sua lente. Pulos mesmo, não é força de expressão.
Reza a lenda que tudo começou ao final de um recatado ensaio no palácio da família Ford, em alusão aos 50 anos da companhia. Bastou uma bebidinha relaxante e lá estava Mrs. Edsel Ford, ouvindo Haslman perguntar se ela não poderia dar um pulo para sua câmera e ela topou.
Depois disso os "pulos" se tornanram recorrentes na vida do fotógrafo.
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Abaixo alguns pulinhos famosos:
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Windsors

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Jacques Tati
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Grouxo e Marilyn
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Grace Kelly

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Feliz Dia do Fotógrafo para amadores e profissionais
da arte de eternizar momentos!
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