Crescer
"Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam:
- Que é que você quer ser quando crescer?
Hoje não me perguntam mais.
Se me perguntassem, eu diria que quero ser menino."
Fernando Sabino.
No dia 12 de outubro de 1923, nascia o menino Fernando Tavares Sabino. Hoje, 12 de outubro de 2004, o menino completaria 81 anos. Esse menino foi antes de tudo, um precoce.
Com 12 anos incompletos, em 1935, torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia". aos 17 anos, está decidido a ser gramático. Escreve um artigo de crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire, que tem o orgulho de ver estampado no jornal de letras "Mensagem", graças ao diretor Guilhermino César, escritor mineiro que se torna amigo de Fernando Sabino e seu grande incentivador.
Minhas primeiras lembranças de Sabino, são sempre os livros de crônicas que líamos no colégio. Recheadas de humor, a história nos pegava pelo pé na primeira linha. Sabino era/é certeza do riso gostoso ao terminarmos a história. Fica a impressão de que ninguém conta ou reconta um caso como ele. Embora mineiro, de Belo Horizonte, tem uma carioquice marota que dá um molho todo especial aos textos que produz.
O escritor é antes de tudo um observador atento, ele sabe que muitas histórias estão ali, na sala, no quarto, no banheiro, nos bares, basta saber contá-las e ele sempre soube.
Lembro que quando li "Cartas perto do coração", que traz a correspondência de Sabino e Clarice, descobri o homem inteligentíssimo e culto que ele é. Sempre soube que para se escrever com humor, ou saber colocar humor em comentários, escritos, atitudes e na própria vida, é preciso ser muito inteligente. O humor bem colocado é para poucos, humor inteligente para raros.
"Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam:
- Que é que você quer ser quando crescer?
Hoje não me perguntam mais.
Se me perguntassem, eu diria que quero ser menino."
Fernando Sabino.
No dia 12 de outubro de 1923, nascia o menino Fernando Tavares Sabino. Hoje, 12 de outubro de 2004, o menino completaria 81 anos. Esse menino foi antes de tudo, um precoce.
Com 12 anos incompletos, em 1935, torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia". aos 17 anos, está decidido a ser gramático. Escreve um artigo de crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire, que tem o orgulho de ver estampado no jornal de letras "Mensagem", graças ao diretor Guilhermino César, escritor mineiro que se torna amigo de Fernando Sabino e seu grande incentivador.
Minhas primeiras lembranças de Sabino, são sempre os livros de crônicas que líamos no colégio. Recheadas de humor, a história nos pegava pelo pé na primeira linha. Sabino era/é certeza do riso gostoso ao terminarmos a história. Fica a impressão de que ninguém conta ou reconta um caso como ele. Embora mineiro, de Belo Horizonte, tem uma carioquice marota que dá um molho todo especial aos textos que produz.
O escritor é antes de tudo um observador atento, ele sabe que muitas histórias estão ali, na sala, no quarto, no banheiro, nos bares, basta saber contá-las e ele sempre soube.
Lembro que quando li "Cartas perto do coração", que traz a correspondência de Sabino e Clarice, descobri o homem inteligentíssimo e culto que ele é. Sempre soube que para se escrever com humor, ou saber colocar humor em comentários, escritos, atitudes e na própria vida, é preciso ser muito inteligente. O humor bem colocado é para poucos, humor inteligente para raros.
Come e dorme
E minha amiga Glória Machado me conta que recebeu da empregada o seguinte recado:
- Seu doutor Alfredo telefonou dizendo que vai levar a senhora com ele hoje de noite no come e dorme.
Deixa o Alfredo falar! Ela sabia que o marido é surpreendente e dele tudo se espera - mas não a este ponto. Come e dorme! Que diabo vinha a ser aquilo?
Só foi entender quando mais tarde ele voltou do trabalho. Na realidade a convidava para um excelente programa: assistir naquela noite à apresentação no Rio da famosa orquestra de Tommy Dorsey.
Textos extraídos do "Livro aberto", Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, páginas diversas. Este livro foi agraciado com o Prêmio Jabuti 2002 (Contos - Crônicas).
2
Dar nome aos bois é coisa que mineiro não faz, nem mesmo em Uberaba. Ainda me lembro da eleição para Presidente da República em 55, quando, no mais aceso da campanha, Juarez Távora entrou por Minas adentro e encontrou várias cidades cheias de faixas e cartazes aclamando a sua candidatura. Algum tempo depois é que pôs reparo na sutileza daquela manifestação de apoio:a adesão dos mineiros se exprimia através das palavras "Salve o Nosso Candidato!", "Viva o Futuro Presidente da República!". O nome do candidato não aparecia, por uma questão menos de esperteza que de economia: as faixas e cartazes eram os mesmos, serviam para qualquer um deles.
O texto acima é parte do que foi publicado em "A Falta Que Ela Me Faz", e foi extraído do livro "Fernando Sabino - Obra Reunida - Volume II", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág.706.
O menino possui a visão primeira, tudo é novo. Há a inocência do descobrir, a curiosidade natural que empurra, que leva a continuar, aventurar-se pelo mundo e suas possibilidades. Um dia nos descobrimos adultos e o menino nos olha de um tempo distante onde a vida era mais simples. Nesse momento, alguns viram as costas e seguem, outros como Sabino, escrevem.
Feliz Aniversário, menino!
Fernando Sabino será sepultado às 11h desta terça-feira.
RIO - O corpo do escritor Fernando Sabino está sendo velado no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul, onde será enterrado nesta terça-feira, às 11h. Diversos amigos, entre eles o cartunista e escritor Ziraldo, os escritores Affonso Romano de Sant'anna e Marina Colassanti, e o jornalista Wilson Figueiredo, compareceram ao velório. Sabino sofria de um câncer no fígado há dois anos e, segundo amigos, passou os últimos dois dias sedado. A pedido do escritor, seu túmulo terá a inscrição: "Nasci homem, morri menino". Fernando Sabino morreu nesta segunda-feira, por volta de meio-dia, na véspera de completar 81 anos.
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