Uma DIVA até o fim.
Ela foi a musa de Hubert de Givenchy - mas o designer de sapatos Salvatore Ferragamo também caiu aos seus pés. Tanto que criou uma sapatilha em sua homenagem na década de 1950. Com o corpo delgado, fora dos padrões hollywoodianos da época, Audrey Hepburn conseguiu se impor como referência de beleza e elegância, quando o que importava eram as curvas generosas de Marylin Monroe e Kim Novak. Passados vinte anos de sua morte, no dia 20 de janeiro de 1993, a atriz nascida na Bélgica continua aclamada como um dos maiores ícones do cinema e seu estilo atemporal ainda influencia a moda em pleno século XXI.
— Ela era uma espécie de editorial de moda em movimento. A imagem dela é impecável até hoje: extremamente cuidadosa, relevante, moderna e elitizada. Nada que ela usou envelheceu — diz a consultora de moda Costanza Pascolato.
O involuntário porte de modelo da atriz, que nasceu em maio de 1929, foi mesmo fruto da genética e de um período de subnutrição durante a Segunda Guerra Mundial. Audrey morava em uma pequena cidade na Holanda no período da ocupação nazista no país. Era filha de uma baronesa holandesa e um banqueiro inglês, que abandonou a família quando Audrey tinha seis anos.
Alguns dos looks que usou nas superproduções hollywoodianas continuam até hoje no imaginário coletivo, principalmente os criados por Givenchy. Quem não lembra do clássico tubinho preto em “Bonequinha de Luxo” (1961)? O vestido foi considerado um das peças mais icônicas do cinema, e uma cópia foi leiloada pela Christie’s, em 2006, por cerca de US$ 920 mil. Isso sem falar no comentadíssimo decote reto do modelito usado em “Sabrina” (1954), que marcou o início da parceria entre a atriz e o estilista.
Audrey já era dona de um Oscar quando bateu à porta do estilista francês. Conta-se que o costureiro esperava que a Ms. Hepburn agendada fosse Katharine — a estrela dos filmes “Levada da Breca” e “Adivinhe Quem Vem para Jantar”. Depois de “Sabrina”, Audrey Hepburn vestiu a maison em mais 15 filmes, entre 1953 e 1979. O fascínio pela diva era tanto que a grife francesa dedicou a ela uma das suas fragrâncias mais célebres — L’Interdit, criada em 1957. O perfume foi reeditado em 2002.
— A relação deles era muito além de profissional, eram confidentes, amigos de verdade. Ela notabilizou as criações dele na América — diz Costanza.
Entre piscinas, closets e filantropia
Audrey gostava de moda (não tanto quanto de chocolates) e o mundo fashion, diga-se de passagem, sempre a amou. Em 1999, a maison Ferragamo montou a exposição “Audrey Hepburn: A Woman, The Style”, com peças imortalizadas pela atriz, no museu da grife, em Florença. Entre os seus criadores favoritos estava Valentino, que lhe foi apresentado no período em que morou em Roma, em 1968. “Algumas pessoas sonham em ter uma piscina enorme. Eu sonho com closets”, declarou ao jornal “The New York Times”, em 1965.
— Audrey foi uma das mais mulheres mais elegantes do século XX, tanto que foi exemplo para Maria Callas. Inspirada no seu visual requintado e esguio, a soprano fechou a boca, emagreceu e começou a usar Givenchy. E sempre admitiu a influência — conta Evânio Alves, autor do livro “As divas na cozinha — Histórias e receitas das estrelas da música e do cinema”.
Mesmo circulando pelo jet set dos Estados Unidos e da Europa, a “Cinderela” um dia expandiu seus horizontes e colocou os pés onde nem os filmes de Hollywood costumavam chegar. A partir de 1988, passou a se dedicar ao trabalho de Embaixadora da Boa Vontade da Unicef, viajando por mais de vinte países na África, Ásia e América Latina. Suas peregrinações por comunidades pobres durou até poucos meses antes de sua morte, quando perdeu a guerra contra um câncer de cólon. Audrey morreu em sua casa na Suíça, ao lado dos dois únicos filhos, Sean e Luca, frutos de seus dois casamentos. “A obrigação humana é ajudar as crianças que sofrem. O resto é luxo”, disse Audrey ao jornal “The Independent”, em 1992. Com elegância, Audrey Hepburn soube transitar entre esses dois mundos.
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