Dang Thuy Tram
A noite passada sonhei com a paz.
/Ontem a noite, entre uma taça de vinho e outra, soube de um livro fascinante. Um livro que conta uma história real, romantica e sobretudo emocionante.
O livro em questão é na verdade um diário escrito pela médica Dang Thuy Tram. Assim como Anne Frank, essa jovem médica deixou um registro de uma época sombria e infelizmente muito atual, uma vez que as guerras ainda se espalham pelo mundo matando e marcando famílias para sempre.
/O livro em questão é na verdade um diário escrito pela médica Dang Thuy Tram. Assim como Anne Frank, essa jovem médica deixou um registro de uma época sombria e infelizmente muito atual, uma vez que as guerras ainda se espalham pelo mundo matando e marcando famílias para sempre.
Dang Thuy Tram tinha apenas 24 anos quando, em dezembro de 1966, deixou a casa dos pais – uma remediada família de Hanói – rumo ao sul do país, até a pequena aldeia de Quang Ngai, para trabalhar como médica voluntária durante a Guerra do Vietnã.
A jovem Thuy Tram partiu para Quang Ngai “atendendo ao chamado do país e do amor”. Profundamente idealista, muitas vezes ingênua, a jovem se alistou como voluntária para ficar mais próxima de sua grande paixão – o jovem M., de quem nunca se soube o nome, seis anos mais velho que ela, chefe de um grupo responsável pela instalação de minas. Os passos de M. serviram de modelo para a escolha política de Thuy, ela se esforçou para fazer parte do Partido Comunista e viver de forma patriótica, até o fim de sua vida.
O livro começa um ano depois de Thuy chegar ao hospital de campanha da Frente de Libertação Nacional – o diário com as anotações sobre os doze primeiros meses da jovem no sul se perdeu. Lá, em meio a aldeias arrasadas por intensos bombardeios, Thuy era a única responsável por gerenciar a clínica, tratar dos feridos e dar aulas aos aspirantes à medicina, ainda mais jovens que ela, a quem tratava como irmãos. Ela também participava ativamente das reuniões do partido comunista, do qual aspirava se tornar uma líder ativa. As anotações do diário foram feitas nos intervalos entre as diversas atividades da jovem médica, em enfermarias, trincheiras e abrigos subterrâneos.
Em seu diário, Thuy salta da análise política para observações pessoais, da confissão para a reflexão. O tom e o ritmo da narrativa acompanham suas mudanças de ânimo e humores. Ela usa belas metáforas para descrever a dor da perda em meio à guerra – “a vida se estende diante de mim em mil pedaços de amor, esperança e inveja”. Faz avaliações duras, muitas vezes injustas, sobre suas próprias fraquezas: - ‘ah, Thuy, sua garotinha! Você ainda é uma criança, você deixa que os sentimentos se sobreponham à razão’. Logo depois, ela tenta se animar e escreve palavras de encorajamento para ela própria: – “permaneça calma e firme sabendo que está certa” .
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Com o acirramento dos conflitos, em abril de 1969, o tom dos relatos se torna ainda mais emocionado. A morte se aproxima por todos os lados. As perdas humanas aumentam. Thuy, a equipe e os pacientes são obrigados a deixar a clínica. A partir daí, ela e seus companheiros de trabalho passam a se deslocar com freqüência, sem encontrar um local seguro para instalar o hospital de campanha. Em 2 de junho de 1970, a clínica provisória montada nas montanhas é bombardeada. Todos deixam o local no dia seguinte, exceto Thuy, três enfermeiras e cinco pacientes gravemente feridos. A partir daí, começa a contagem regressiva para a salvação, que mais parece um devaneio, de tão improvável. /
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A salvação nunca chegou para Thuy. Ela foi morta com um tiro na testa, por soldados norte-americanos durante uma das inúmeras ofensivas à inóspita região, conhecida como baluarte da guerrilha comunista. Junto ao corpo, foi encontrado um rádio, um registro contábil de arroz, anotações sobre os ferimentos que tratou, frascos de remédio e ataduras, poemas e um diário.
/Escrito ao longo de dois anos, de 1968 a 1970, o caderno sobreviveu à guerra e foram salvos da fogueira graças ao jovem Fred Whitehurst, que, à época, trabalhava no serviço de inteligência militar na base de Duc Pho. Desobedecendo às regras, ele guardou o diário de Thuy por 40 anos. Só em 2005, depois de deixar o FBI, onde trabalhou depois da guerra, Whitehurst decidiu refazer os passos da jovem e localizar a sua família no Vietnã. Encontrou a mãe de Thuy e a ela entregou o diário.
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As imagens dos diários estão no site norte-americano dedicado a este livro.
Há também um documentário Finding Thuy, de Neil Alexander que em 2005 acompanhou a viagem de Fred Whitehurst e do seu irmão quando se foram encontrar com a família de Dang Thuy Tram.
Pra quem perguntou, o livro saiu pela Editora Rocco.
Há também um documentário Finding Thuy, de Neil Alexander que em 2005 acompanhou a viagem de Fred Whitehurst e do seu irmão quando se foram encontrar com a família de Dang Thuy Tram.
Pra quem perguntou, o livro saiu pela Editora Rocco.
Comentários
bjs Laura
por isso q sempre fujo e venho aki... as vezes até leio as postagens já lidas, muito bom... pra mim um cantinho especial
ótimo fim de semana
bjos
Angel, esse post me lembra o clássico Johnny Vai à Guerra...
Ao ler e reler, sua composição ficou perfeita, parabéns por essa contribuição, sua dica ficou cravada em mim... Vou atrás dessa obra e ler...
Saudações Poéticas
Abraços!
Everaldo Ygor
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"Verves"