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Andei por mares pra lá de navegados em busca de alguma coisa para o Dia Internacional da Mulher e não achei nada que não fosse o de sempre: a inaltação da mulher guerreira, mãe, a santa nossa de cada dia. Não queria nada assim esse ano e continuei navegando até encontrar ele e concluir que era perfeito.

Particularmente nunca gostei de coisas como o Dia Nacional de... ou Internacional, que seja. Sempre achei que ao incluir estamos na verdade excluindo, tornando exceção, discriminando, pelo menos é o que me parece e por isso achei perfeito colocar a mulher pelo olhar de Nelson Rodrigues. Aquela mulher que não tem nada de santa, e sim a sacana. Aquela, como todas, que são seduzidas pelo ouvido...Espantada (o)?? Não fique, depois dos 30 é muito fácil perceber certas coisas e falar mais ainda. Não tome porém, como vulgaridade. Nada disso.

Eu sempre disse, sempre achei e sempre agi da seguinte maneira: adoro sacanagem, ouvir, falar e fazer, mas longe, muito longe de ser com e pra qualquer um. Assim como meu ódio é para poucos privilegiados, o meu amor, tesão idem.

Dito isso, continuemos.

Nelson Rodrigues, alias o grande homenageado da FLIP deste ano, cabe como uma luva para o Dia Internacional da Mulher. Mulher num sentido mais amplo, nada a ver com a santa-esposa-mãe de seus filhos. Mas a mulher como todas são, inclusive a sua, baby.
Certa vez li e não me lembro onde, que a mulher é auditiva e o homem visual. Quanto ao homem sempre soube disso. Salvo raríssimas exceções, o representante dessa espécie é um ser raso por excelência. Bastou ser bonita e tudo bem. Se falar é ótimo, afinal você precisa saber onde estão suas camisas, agora pensar não convém que seja um hábito, acredito.
Não esqueçam que eu disse salvo raras exceções! Essas exceções existem, até porque se não existissem, eu estaria solteira até hoje. É bom ter ao lado um homem que te aprecie física e intelectualmente. Perfeito, alias.

A mulher em Nelson sempre tem um quê de malícia. Mesmo a mais santa, dentro da sua santidade tem alguma perversa malícia. Aquela que critica e reprime o faz sempre dentro das minúcias do que chama pecado. É capaz de descrever cada detalhe, sempre em tom baixo e sufocado, como se ela mesma precisasse sufocar o tesão que sente.
A mulher em Nelson, é a mulher como ela é na mais pura essência de fêmea, ainda que se conduza pela vida como acredita que deve ser aos olhos dos outros. Ainda que passe para a sociedade aquilo que deseja que pensem dela, mas assim como todo ser humano independente de gênero, traz em si um instinto básico. E é nesse métier que Nelson traduz a mulher.

Hoje no Dia Internacional da Mulher, é em Nelson Rodrigues que encontro todas as mulheres do mundo e não somente a santa dos poemas. A mulher em Nelson é sobretudo normal e como toda pessoa normal é de uma perversidade que beira a inocência.
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Feliz Dia Internacional da Mulher!
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O óbvio ululante


“Ouçam: – Marilyn Monroe morreu porque se despiu sem amor. E aí está a palavra: – amor, amor. Foi o remorso, foi a humilhação da nudez sem amor. Só o ser amado tem o direito de olhar um simples decote. É apenas um decote, mas só o ser amado pode olhar a linha nítida, tão nítida que separa os seios.”
Nelson Rodrigues - “A Menina sem Estrela”.
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"Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível."
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"A educação sexual só devia ser dada por um veterinário."
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“O marido não deve ser o último a saber.
O marido não deve saber nunca.”
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"O amor é o casal. O simples casal basta para inundar o universo.
E o casal funda a grande solidão".
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"Acredito que a mulher, ela precisa de amor, precisa do homem. Mas ela precisa do homem — isto pode parecer que estou chovendo no óbvio —, mas precisa do homem de uma maneira fundamental. Não precisa do homem. Ela precisa do ser amado. Eu não digo aí do homem apenas a relação física, a relação prática marido/mulher. Eu me refiro, eu me refiro sobretudo a uma relação de amor, amor autêntico, profundo, definitivo e irreversível."
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"Evidentemente, quando eu digo que a mulher gosta de apanhar, eu não quero dizer apanhar a toda hora, a todo instante e de todo mundo. Ela gosta de apanhar do ser amado. Mas é claro que, quando eu digo que a mulher gosta de apanhar, eu tô falando — isso é preciso repetir, especificar para evitar confusão —, eu me refiro não a todas as mulheres, somente às normais. Eu digo, e mais uma vez repito, que a neurótica reage.
A mulher deve ser tratada como uma rainha, mas, na relação entre homem e mulher, sempre chegaum momento em que a mulher provoca, a mulher testa o sentimento masculino, a mulher procura saber até onde chegaria o homem."
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"Eu acho que a mulher, eu sempre digo que a mulher ideal, é chata. Porque toda mulher realmente feminina é, repito, chata. Quando a mulher tem muito charme, é muito agradável e faz da vida do homem uma delícia, estejamos certos de que sua feminilidade é muito relativa. A mulher verdadeiramente mulher, profundamente mulher, e só mulher, sem nenhum traço de homossexualidade, é, tem de ser, nasceu assim e vai até a morte assim, chata. (Acentuem a palavra "chata", para termos o discurso no tom exato.)"

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