Amor...sempre ele.
Em junho de 2013, poucos dias antes do dia dos namorados,
minha namorada terminou comigo. Eu fiquei sem entender. Voltei pra casa e
durante todo o caminho me perguntava: "Por que?".
A única coisa que vinha na minha cabeça era a voz dela
dizendo: "Eu amo você". Eu passei um mês sofrendo procurando
respostas para o que estava acontecendo.
Um dia, entrei no quarto do meu pai chorando e perguntei:
"Pai, ela dizia que me amava. Então, por que ela terminou comigo?".
Ele respondeu: "Meu filho, Quando alguém entra na
sua vida e depois de algum tempo vai embora, pode ser qualquer coisa menos
amor".
Eu disse: "Não da para entender. Um dia, existe amor
e no outro tudo acabou". Ele respondeu: "Você nunca vai superar seus
traumas se continuar procurando no amor uma lógica. Construa uma nova
história".
Eu perguntei: "E de onde vem essa força pra começar
algo novo?" Ele respondeu: "Não se preocupe com isso. Todo começo vem
de um final".
Uma semana depois, meu pai foi diagnosticado com uma
doença rara e degenerativa que iria matá-lo em alguns dias. Minha mãe não o
abandonou. Ela ficou.
Meu pai saia toda sexta para comer pizza com dois irmãos.
Quando ele parou de andar, meus tios começaram a trazer a pizza aqui em casa.
Eles diziam: "Sem o seu pai, não tem graça".
E ficavam a noite inteira dando gargalhadas. Hoje, meu
pai não consegue mais comer. Mesmo assim, toda sexta meus tios passam aqui em
casa.
Meu pai estudou em Ouro Preto-MG. Na formatura ele combinou
com três amigos de se encontrarem de cinco em cinco anos. Este ano, meu pai não
pode ir porque ele não anda mais. Os amigos dele saíram do interior de Minas e
vieram até aqui em casa.
Todo formando tem uma foto pregada na parede na república
que estudou. Os amigos do meu pai trouxeram a foto dos quatro.
Pregaram a foto de cada um na parede do quarto e
disseram: "Agora, a nossa república é a sua casa". E combinaram que
daqui cinco anos estariam de volta. Meu pai chorou.
Meus pais completaram 47 anos de casados dia 2 de junho.
Eles sempre dançaram nesse dia. Meu pai não consegue mais se levantar. Minha
mãe entrou no quarto e colocou a música que eles dançavam. Ela disse: "Meu
filho, traz a cadeira de rodas".
Eu perguntei: "O que você vai fazer?" Ela respondeu: "Vou fazer
o que seu pai faria por mim". Eu busquei a cadeira de rodas. Minha mãe
colocou meu pai na cadeira. Ela ajoelhou ao lado dele e disse: "Vamos
dançar".
Abraçou meu pai e fez a cadeira girar. Ela ficou
ajoelhada a música toda. Meu pai chorava e ria ao mesmo tempo. Eles ficaram ali
dançando e se divertindo. Eu voltei pro meu quarto chorando.
Abri o notebook e resolvi escrever esse texto. Porque eu
vejo o mundo distorcendo ou complicando demais o amor. Um monte de gente
dizendo fique com alguém que faz isso, que faz aquilo, que te de isso, que não
sei o que mais.
Esse monte de regras e exigências, são coisas criadas
pela cabeça. E, meu velho, não sei se você sabe mas o amor é criado pelo
coração. O resto, é ilusão. Então, acredite. O amor, amor completo é quando
você quer o outro sempre perto. Só isso.
autor: Ique Carvalho e o link para o blog www.thelovecode.com.br
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