O lado escuro da lua...

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LONDRES (Reuters) - Syd Barrett, o problemático membro fundador da banda de rock britânica Pink Floyd, morreu aos 60 anos, depois de ter passado os últimos 30 anos vivendo como recluso. "Naturalmente, a banda está muito triste com a notícia da morte de Syd Barrett", disse o Pink Floyd em comunicado à imprensa na terça-feira.
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Li hoje no jornal a notícia da morte de Syd Barret. Procurei na internet mais detalhes, mas pouco achei. É lamentável, amanhã é Dia do Rock e Syd não estará por aqui. Na verdade, de certa maneira pouco esteve.Syd era louco, ou quase isso e as drogas só fizeram agravar e provocar comportamentos inaceitáveis mesmo num palco. Syd sofria de diabetes e de Síndrome de Asperger, relacionada ao autismo, ainda assim ou por isso mesmo, era um gênio.
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Vamos a um pouco da história desse cara e de uma das bandas que mais gosto e não canso de ouvir:
"O ano de 1946 pariu uma das figuras mais legendárias da história do rock. Uma persona genial, que existiu no cenário da música como uma estrela cadente. Sua vida foi envolta por mistério e muitos boatos criados pela mídia, mas ele viveu para se tornar uma lenda de sua época. A pessoa em questão é Roger Kieth Barrett, ou melhor, Syd Barrett, herói cult, fundador e líder original do Pink Floyd, com quem gravou apenas um disco.

A infância de Syd não foi das mais felizes, a morte de seu pai lhe causou grande impacto e sua mãe, extremamente protetora, preferia que o filho passasse seu tempo dentro do quarto. Ele mesmo declarou que não entendia porque diziam que a infância era a melhor época da vida. Mas esse período foi muito importante na vida de Syd; era em seu quarto que ele devorava histórias em quadrinhos, livros de contos de fadas e ficção científica, assuntos que seriam recorrentes em suas composições.Mas ao contrário do que se possa pensar, Syd foi um adolescente normal, cercado por amigos que o viam como uma pessoa instigante e criativa, que pretendia ser artista plástico. "Ele era um exemplo para nós", revelaria seu amigo de infância e companheiro no Pink Floyd, Roger Waters.O primeiro tipo de música pela qual Syd se interessou foi o jazz, mas com a chegada dos Beatles e dos Stones às paradas de sucesso, ele logo tomaria gosto pelo r&b e rock ‘n’ roll norte-americanos e decidiria aprender a tocar guitarra. Mas na verdade seu primeiro instrumento foi o banjo, com o qual ele tocou numa bandinha por algum tempo.

Em 1965 ele forma o Pink Floyd com os amigos Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason. Nessa época, ele que já era apreciador da Cannabis Saativa, toma contato com o LSD, a droga que mudaria sua vida para sempre e que foi responsável por sua ruína pessoal. O LSD despertou a loucura latente de Syd, mas foi também responsável pelo aflorar da sua genial criatividade. Conta-se que num período de aproximadamenteAliás, os shows do Pink Floyd estavam ficando famosos no underground londrino por serem um espetáculo de anarquia sonora (improvisações instrumentais, volume sempre no máximo, letras inaudíveis) e psicodelia visual, devido a projeções de filmes e slides abstratos. A banda havia conseguido o ódio e críticas negativas de boa parte da mídia e do público. Algumas vezes, os donos das casas de shows perguntavam: "por que vocês não fazem um som mais decente?" De qualquer forma, eles conseguiram vários fãs e groupies (que se jogavam em cima de Syd, principalmente) e um contrato para gravar alguns compactos.

No ano de 1967, a banda alcançaria algum sucesso nas paradas com dois singles de sublime beleza pop e estranheza lírica, "See Emily Play" e "Arnold Lane" (que conta a história de um homem com o estranho hábito de se (travestir de mulher). Syd já demonstrava que não tinha mais estabilidade mental para prosseguir com a banda, pois faltava freqüentemente aos shows e compromissos e muitas vezes subia no palco doidão. Certa vez, encheu a cabeleira de pancas, que iam se derretendo com o calor gerado pela iluminação do local e escorriam pelo seu rosto durante a apresentação. Mesmo assim o primeiro álbum do Pink Floyd foi gravado naquele mesmo ano. "The Piper at the Gates of Dawn". Foi registrado nos estúdios Abbey Road durante três meses, na mesma época em que os Beatles estavam fazendo outro clássico psicodélico, "Sgt. Pepper`s Lonely Hearts Club Band", logo na sala de gravação ao lado. O disco na época não teve boa aceitação do público e fracassou nas paradas de sucesso. Mas a verdade é que o álbum é uma das maiores obras musicais já feitas, referência para dezenas de bandas e objeto de culto. Ouvir "The Piper at the Gates of Dawn" é entrar na mente insana de Syd Barrett e fazer viagens espaciais ("Astronomy Domine", "Interstellar Overdrive"), visitas a infância ("Matilda Mother", "The Gnome"), tudo numa fórmula que nem o Pink Floyd hoje em dia sabe como conseguiu, um petardo proto-punk-psicodélico com todos as cores, LSD para os ouvidos (?).

O ano seguinte foi determinante, tanto para Syd quanto para sua banda. Syd estava cada vez mais irresponsável, morava num flat e misturava LSD no café que bebia todas as manhãs, chegando ao ponto de dar a droga para um de seus gatos (que se chamavam Pink e Floyd). Era uma pessoa diferente, tinha um olhar vago, distante, era como se sua mente estivesse em outro planeta. Alguns médicos o consideraram um esquizofrênico incurável. E ele ainda continuava a furar os compromissos e muitas vezes subia ao palco como se fosse um zumbi, ficava ali paradão e não tocava nada. Para tentar melhorar a situação da banda, um amigo de infância de Syd e Roger Waters foi chamado para ajudar tocando guitarra na banda, desta forma Syd apenas cantaria. O guitarrista era o talentoso David Guilmour, que já almejava entrar na banda há algum tempo. A idéia infelizmente não deu muito certo, mas a banda ainda tentou ter Syd como uma espécie de Brian Wilson (o também surtado membro dos Beach Boys), uma figura que comporia as músicas, mas não subiria ao palco. Mas Syd já não conseguia passar suas idéias para os companheiros e o Pink Floyd com cinco componentes não durou muito mais que um mês. Então de forma sutil, Syd foi afastado da banda, seus amigos simplesmente não passavam mais em sua casa para levá-lo aos ensaios.

A saída do Floyd foi um baque grande para Syd, que aparecia nos shows de sua ex-banda na frente do palco, só para ficar encarando David Gilmour e lhe dizer: "esta é a minha banda!" Mas os dois não chegaram a trocar desafetos, tanto que em 1970, Gilmour produziria o primeiro disco solo de Barrett, "The Madcap Laughs". Esse álbum, cheio de pesadas e melancólicas baladas, encontrava um Syd Barrett um pouco fora de forma, mas continha boas composições como "No man´s land", "It´s no good trying", "Long Gone" e a triste "Dark Globes". Mas alguns meses depois, no mesmo ano, ele teria uma última chance de mostrar que ainda era capaz de produzir boas canções. Com o lançamento de "Barrett", um semi-clássico, que precede em décadas a estética rock/folk-lo-fi (que ficaria famosa nos anos 90), recheado de baladas com letras obscuras e canções que lembravam seu antigo trabalho com o Pink Floyd, como "Gigolo Aunt", "Baby Lamonade" e "Wined and Dined", além de sua inconfundível e esganiçada voz.

Em 1971, Syd fez alguns conturbados shows para promover seu álbum e logo depois largou de vez a música. Ele nunca mais entraria num estúdio para gravar discos novamente. Ele somente entraria numa sala de gravação outra vez para visitar seus ex-companheiros do Floyd durante a gravação da música "Wish you were here", do álbum homônimo da banda de 1975, aliás, música composta pensando em Syd Barrett, que quase não foi reconhecido pelos antigos amigos que não o viam há anos e também dado ao fato de Syd ter raspado a cabeça e ter engordado muito, pois desde que tinha abandonado a música não fazia muita coisa - dizem que mal saía da cama!
Conta a lenda também que Syd teria sido cogitado para produzir o disco de estréia dos Sex Pistols. Depois disso, muito foi especulado em relação ao lançamento de novos discos de Syd, mas a verdade é que apenas em 1988 saiu "Opel", um disco com algumas canções que não tinham sido lançadas anteriormente e versões para outras já lançadas em seus discos solos. Este disco também não teve muita repercussão. Quando voltou para Cambridge para viver com sua mãe, ainda na década de 70, Syd foi levado para um clínica psiquiátrica, onde passou alguns anos."
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Durante muito tempo pensaram que Syd já havia morrido, mas ele vivia isolado, gostava de pintar, assistir tv e ler. Não gostava de multidões, não tocava mais e não gostava de relembrar o passado. Vivia num mundo próprio, particular e sabe-se lá o que via e ouvia o gênio dentro da sua própria cabeça. De alguma maneira gosto de pensar que nesse mundo a música era uma porrada sonora e poética, suas imagens coloridas e psicodélicas como a maior viagem que ele poderia ter feito...e fez.

Cio Syd

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