São mínimas coisas entrançando
a vida: o passo no corredor,
a mão que acalma, o corpo
que arde e apazigua. sono. O sonho.
Silêncios. Solidões.
O filho que se faz e vê, com certo espanto, assumir
identidade própria. O carro. A casa.
A árvore plantada a quatro mãos,
e um dia seus ramos brincam
no telhado.
Vida se cumprindo.
Lya Luft
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Carlos Drummond de Andrade
Lista de preferências
Alegrias, as desmedidas
Dores, as não curtidas
Casos, os inconcebíveis
Conselhos, os inexeqüíveis
Meninas, as veras
Mulheres, insinceras
Orgasmos, os múltiplos
Ódios, os mútuos
Domicílios, os passageiros
Adeuses, os bem ligeiros
Artes, as não rentáveis
Professores, os enterráveis
Prazeres, os transparentes
Projetos, os contingentes
Inimigos, os delicados
Amigos, os estouvados
Cores, o rubro Meses, outubro
Elemento, o fogo
Divindade, o logos
Vidas, as espontâneas
Mortes, as instantâneas
Bertold Brecht
"Não me entrego sem lutar- Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.
Tudo passa, tudo passará"
Renato Russo
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Profile
Mas volto sempre se me interessar muito. Não gosto de nada pela metade, nem a minha laranja. Ou vem inteira ou não vem.
Amor só conheço o intenso, amei uma vez e fui muito amada, me enganei outra e continuo apostando. Nada de coração embalado à vácuo sem contato manual. Que peguem, amassem, acariciem, pisem em cima. Quero mais é me sentir viva, ainda que seja pela dor.Prefiro me arrebentar toda, a sair ilesa, só não deixo de me atirar, nem mesmo agora que aprendi um pouco mais sobre a crueldade humana.
Tenho poucos e bons amigos. Muitos conhecidos e outros tantos que nem conheço, mas sabem de mim. Minha fidelidade aos amigos é canina, aos namorados até que provem o contrário. Namorados são recicláveis, amigos não. Sou sensível e emotiva, choro com alguma facilidade, mas quase sempre sozinha. Tenho dias de verborragia intensa e dependendo do motivo arraso ou amo com a intensidade das palavras. No entanto prefiro atitudes. Palavras o vento leva e a memória apaga.
Gosto de me sentir “pertencida”, mas não dominada ou forçada a isso. Gosto de ser livre, mas ter alguém nos pensamentos e sempre para onde voltar. Gosto de estar só algumas vezes, sinto necessidade, não sou carente profissional. Tenho meu lado sombrio e outro tanto mais claro. Do lado sombrio poucos conhecem, outros intuem, mas quase todos respeitam.
Desconfio de pessoas que se dizem loucas de paixão, mas nunca ficaram horas debaixo de chuva esperando alguém, nem ligaram de madrugada para confessar os sonhos que a insônia traz ou deram o último biscoito recheado do pacote ou ligaram tantas e quantas vezes tiveram o telefone desligado na cara.
Desconfio da sofreguidão mansa e do desespero calculado, de olhos secos ou lágrimas forçadas. Dissimulação essa mentira estudada.
O humor inteligente me ganha sempre, o bobo me afasta, o afetado nem conheço. Gosto de gente transparente, aberta, leve, verdadeira que me suaviza o necessário para não querer ir embora, que fala com os olhos, age com a boca e me leva pelas mãos a qualquer lugar onde eu já queria estar.
* Comecei o ano mudando meu profile no orkut, minha foto e outras “coisitas más”. Quero um ano totalmente novo e sei que será, não sei porque mais sinto que será um bom ano. Estou bem, achei que o as festas de final de ano seriam horríveis, não foram. Não tive a minha mãe, mas tive uma companhia especial, muito doce e juntos passamos as duas datas. Incrível como a gente sofre por antecipação. Eu deveria acreditar mais, apenas acreditar e esse ano será assim, vou acreditar porque decidi ser feliz, assim como mamãe sempre quis.
Muito Obrigada aos amigos sempre preesentes, a Dani (ela sabe porque ou melhor por quem, rss e a WS)
andrea augusto - angelblue83
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"Eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram. Desencaixotar minhas emoções, recuperar meus sentidos."
Rubem Alves
“Andamos depressa demais e não distinguimos os objetos que encontramos no caminho..."
Vicente Van Gogh, Cartas a Théo, agosto de 1888
"A sabedoria da incompletude, da experiência gradual feita com o tempo, é indissociável da experiência da esperança. É escutando o já dado pelo mundo e assumindo-o no presente que as lendas podem ser construídas, que as histórias recebem sugestões, que as teias ganham seus traçados. É sempre na incerteza que, apesar de tudo, esperamos. Se pudermos recorrer à metáfora, é certo que os navios portugueses possuíam bússolas, mas seus marinheiros estavam também cientes da desorientação dos caminhos do mar."
Trecho de O arco da solidão, de Cláudia Faro
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Esperança...
Foram-se os amores que tive
ou me tiveram: partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida:cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu,os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes...
Lya Luft
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. Tempus
(que transcende qualquer medida e nunca é bastante)
O tempo passa?
Não passa no abismo do coração
lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
Pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.
Carlos Drummond de Andrade
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Desejo a todos, no Ano Novo, muitas virtudes e boas ações e alguns pecados agradáveis, exultantes, discretos e, principalmente, bem sucedidos.
Rubem Braga
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