DEGUINHO

Daggett




Quem não gosta ou não liga pra cachorro, nem continue a ler, porque hoje o post é dele: o melhor amigo do homem.Toda minha vida, eu sempre disse que gostava mais de gato do que de cachorro. Cachorro era muito dado, muito pulante e sempre que eu pensava em cachorros, pensava no Ode, o cachorro que o Garfield adorava sacanear. Aquela coisa viscosa e lambedora. Bom, como disse certa vez Blaise Pascal: “Não tenho vergonha de mudar de idéia porque não tenho vergonha de pensar” Pois bem, continuo gostando de gatos, da postura classuda e indiferente, da languidez felina e charmosa que só eles têm, mas confesso, hoje amo cachorros.

Quando a mamãe morreu, pouco mais de quatro meses atrás, muitas vezes pela manhã eu inventava um motivo para sair da cama, invariavelmente era para alimentar os cachorros, em especial o Kaká, o poodle que andava pra cima e pra baixo com ela. E foi ele que me ganhou totalmente, que de certa forma me salvou um pouco a cada dia.

No início, ele se abateu muito, assim como eu, guardadas as devidas proporções, parecia não entender como alguém some de repente para nunca mais voltar. Muitas vezes peguei-o olhando para a porta do quarto dela esperando que se abrisse e ela surgisse, muitas vezes me peguei fazendo o mesmo, esperando que ela me chamasse para o café, vício sagrado de todo finalzinho de tarde. A porta nunca mais se abriu e eu sei, apesar do tanto que ainda me dói e doerá, não se abrirá mais, porém, foi justamente esse cachorrinho que nas horas mais solitárias me deu o carinho, o olhar e quase a compreensão que eu precisava. Quantas vezes, chorando, ele não vinha ao meu colo e ficava me olhando dentro dos olhos como se dissesse: “Ok. Agora somos só nós dois, vamos tratar de seguir adiante”.

Perdi a conta das vezes que ele pulou e pula para a minha cama no meio da noite, basta que eu me mexa muito. Algumas vezes, misturado no sonho, na noite, na sonolência da madrugada penso que é ela tentando apaziguar meu sono agitado. Todos os dias quando chego de algum lugar ele faz uma festa como se não me visse a anos. Pula, comemora, se mistura entre as minhas pernas e fica tão ofegante que preciso pegá-lo no colo e dizer baixinho: "Pronto, eu voltei, shhiiiiii, calma, eu voltei."
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eu e Kaká
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Um amigo certa vez disse que amor de cachorro é o único amor incondicional, e pensando bem é mesmo. Não importa se no dia anterior você “chutou”, brigou, afastou o cachorro, dali mais um pouquinho ele virá abanando o rabo como se nada tivesse acontecido. Ele não exige nada, mesmo que você esqueça de alimentá-lo, mesmo que você esqueça de encher o pote d´água, na volta ele não vai te confrontar exigindo seus direitos a bons tratos, ele vai te receber como sempre, vai até fazer um chamego, mas nada que não te faça sorrir e muitas vezes pedir desculpas pelo esquecimento.
É, talvez nem adiante explicar, talvez alguns achem esse texto pra lá de bobo e sentimentalóide, mas de uma coisa eu sei, só quem tem cachorro sabe o que significa esse pequeno trecho de música:
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“Meu cachorro me sorriu latindo...Eu voltei...”
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andrea augusto – em homenagem ao mais novo membro da família: Degguinho.

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