Alta Fidelidade –
ou uma autobiografia comentada.
ou uma autobiografia comentada.
Dia desses revi o filme “Alta Fidelidade” e com calma fiquei observando os diálogos, os detalhes que da outra vez passaram batido. As neuras, essa busca incessante pelo outro, as perdas, os ganhos, as dívidas afetivas.
Recentemente tive mais uma perda, que espero seja a última desse ano. Deixei ir alguém que eu queria para a vida toda.Uma incompatibilidade de vontades aliada a total falta de diálogos sobre nós, nos levaram a viver numa mesma relação, relações diferentes. Um achava que era lua-de-mel, o outro o Inferno de Dante. Era infeliz.
Loucura? Com certeza. Em geral quando se ama a felicidade do outro é um quesito quase tão importante quanto a nossa própria felicidade. Não sendo assim, o melhor é dar alforria. Deixar ir é uma forma de amar também.
E o que isso tem a ver com o filme? Tudo. No filme, assim como na vida estamos sempre procurando no outro o que nos falta, sempre depositando nas mãos do outro o pedido tácito: “por favor, faça-me feliz”. E com isso decretamos a nossa própria infelicidade. É quase matemático.
Há tempos tenho tentado viver as minhas relações de forma inteira, ou seja depositando em mim mesma a responsabilidade de ser feliz. É difícil, com certeza, muito mais fácil culpar o outro, tornar o outro responsável pelo que nos acontece, mas nem sempre encontramos na nossa cara metade esse nível de compreensão. Alguém que seja responsável pela sua felicidade, que eu serei pela minha e juntos, conseqüentemente nos faremos felizes.
Voltemos ao filme.
No filme, em certo momento, John Cusack, chama Laura, sua namorada, num bar. Ele esta se sentindo atraído por outra e resolve pedir a namorada em casamento. Ok, quer se proteger, afastar o perigo e ele fala para a câmera algo como:
“Ando pulando de galho em galho desde os 14 anos. O que mais vou fazer, continuar pulando até não haver mais galhos?”
Na cena seguinte quando esta no bar com Laura, ele explica o motivo do pedido, mas na verdade ele esta explicando a razão pela qual quer ficar com ela. Casando ou não, ele faz uma opção: é ela que ele quer e não o que pode encontrar a qualquer hora em qualquer esquina.
E diz: "Fora de casa é fantasia, eu não sei nada e por não saber é sempre bom, bonito e atraente. Mas quando volto pra casa nós dois temos problemas de verdade.”
Ele fala das lingeries e também das calcinhas de algodão surradas que ele vê todos os dias e diz:
“Na verdade as outras também têm calcinhas de algodão surradas, mas eu não vejo porque não cabem na fantasia. Eu cansei de fantasias, nunca tem uma surpresa e nunca são o que a gente espera. É isso, eu estou cansado de toda essa coisa, mas de você eu nunca me canso.”
Eles ainda falam sobre casamento e apesar dele não ter pensado realmente nisso, de forma concreta, até porque moram juntos, ela diz: ”Você achou que eu ia aceitar?
Ele: Eu não sei, perguntar é que era importante.”
Esse é ponto. Calcinhas de algodão surradas e a fantasia do desconhecido, o novo, o perfeito, o que não se vê e não se sabe. A fantasia e o real. A partir do momento em que ele enxerga que com ela tem a fantasia metaforicamente representada pelas lingeries e tem o real transmutado em calcinhas do dia-a-dia, ele percebe que não quer mais a fantasia. Ele quer o melhor dos dois com uma só pessoa e sabe por que? Porque cansa e um dia até os “galhos” acabam.
Na última cena, ele está gravando uma fita para ela e vai ensinando como se faz e diz:
"Comecei a preparar uma fita na cabeça para Laura, cheia de músicas que fazem ela ficar muito feliz. Pela primeira vez percebo como se faz.”
Tem filmes que não são nenhuma obra prima, mas cabem de forma tão exata em determinados momentos, que passam a ser marcantes. Esse é um deles.
andrea augusto © angelblue83
Recentemente tive mais uma perda, que espero seja a última desse ano. Deixei ir alguém que eu queria para a vida toda.Uma incompatibilidade de vontades aliada a total falta de diálogos sobre nós, nos levaram a viver numa mesma relação, relações diferentes. Um achava que era lua-de-mel, o outro o Inferno de Dante. Era infeliz.
Loucura? Com certeza. Em geral quando se ama a felicidade do outro é um quesito quase tão importante quanto a nossa própria felicidade. Não sendo assim, o melhor é dar alforria. Deixar ir é uma forma de amar também.
E o que isso tem a ver com o filme? Tudo. No filme, assim como na vida estamos sempre procurando no outro o que nos falta, sempre depositando nas mãos do outro o pedido tácito: “por favor, faça-me feliz”. E com isso decretamos a nossa própria infelicidade. É quase matemático.
Há tempos tenho tentado viver as minhas relações de forma inteira, ou seja depositando em mim mesma a responsabilidade de ser feliz. É difícil, com certeza, muito mais fácil culpar o outro, tornar o outro responsável pelo que nos acontece, mas nem sempre encontramos na nossa cara metade esse nível de compreensão. Alguém que seja responsável pela sua felicidade, que eu serei pela minha e juntos, conseqüentemente nos faremos felizes.
Voltemos ao filme.
No filme, em certo momento, John Cusack, chama Laura, sua namorada, num bar. Ele esta se sentindo atraído por outra e resolve pedir a namorada em casamento. Ok, quer se proteger, afastar o perigo e ele fala para a câmera algo como:
“Ando pulando de galho em galho desde os 14 anos. O que mais vou fazer, continuar pulando até não haver mais galhos?”
Na cena seguinte quando esta no bar com Laura, ele explica o motivo do pedido, mas na verdade ele esta explicando a razão pela qual quer ficar com ela. Casando ou não, ele faz uma opção: é ela que ele quer e não o que pode encontrar a qualquer hora em qualquer esquina.
E diz: "Fora de casa é fantasia, eu não sei nada e por não saber é sempre bom, bonito e atraente. Mas quando volto pra casa nós dois temos problemas de verdade.”
Ele fala das lingeries e também das calcinhas de algodão surradas que ele vê todos os dias e diz:
“Na verdade as outras também têm calcinhas de algodão surradas, mas eu não vejo porque não cabem na fantasia. Eu cansei de fantasias, nunca tem uma surpresa e nunca são o que a gente espera. É isso, eu estou cansado de toda essa coisa, mas de você eu nunca me canso.”
Eles ainda falam sobre casamento e apesar dele não ter pensado realmente nisso, de forma concreta, até porque moram juntos, ela diz: ”Você achou que eu ia aceitar?
Ele: Eu não sei, perguntar é que era importante.”
Esse é ponto. Calcinhas de algodão surradas e a fantasia do desconhecido, o novo, o perfeito, o que não se vê e não se sabe. A fantasia e o real. A partir do momento em que ele enxerga que com ela tem a fantasia metaforicamente representada pelas lingeries e tem o real transmutado em calcinhas do dia-a-dia, ele percebe que não quer mais a fantasia. Ele quer o melhor dos dois com uma só pessoa e sabe por que? Porque cansa e um dia até os “galhos” acabam.
Na última cena, ele está gravando uma fita para ela e vai ensinando como se faz e diz:
"Comecei a preparar uma fita na cabeça para Laura, cheia de músicas que fazem ela ficar muito feliz. Pela primeira vez percebo como se faz.”
Tem filmes que não são nenhuma obra prima, mas cabem de forma tão exata em determinados momentos, que passam a ser marcantes. Esse é um deles.
andrea augusto © angelblue83
ps: Aos amigos preocupados que sempre escrevem, não se preocupem. Tenho descoberto em mim uma força descomunal. Estou caminhando, voltando a vida aos poucos, colocando em prática projetos para atingir metas. Vou devagar e só nessa estrada, mas sei que no final dela sairei vitoriosa simplesmente porque quero, posso e estou seguindo em frente.
Dia 04 minha mãe faria aniversário e eu resolvi começar setembro dando início a esses projetos e assim será. Terei pouco tempo para vir aqui, mas quem gosta de mim sempre sabe onde me achar. Basta querer ;)
Dia 04 minha mãe faria aniversário e eu resolvi começar setembro dando início a esses projetos e assim será. Terei pouco tempo para vir aqui, mas quem gosta de mim sempre sabe onde me achar. Basta querer ;)
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