Metamorfose ambulante talvez seja o que melhor defina o Raul. Uma metamorfose que sabia bem o que queria do que gostava e se abria sempre a tudo que era novo e bom.
Não limitou sua vida a três acordes, na verdade acordou o mundo com músicas, frases que estavam além do tempo e da própria vida.
"Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca adentro e viaje eternamente em nossos corpos".
*livro- Baú do Raul.
"Foi no ano de 1945 a 28 de junho, em uma tradicional família de Salvador que nascer Raul Santos Seixas, filho de Dona Maria Eugênia e do engenheiro Raul Varella Seixas, Raulzito foi educado conforme o conservadorismo das famílias de classe média da Bahia.
Desde os sete anos Raul já se questionava sobre coisas como o fim do mundo, a volta de seu espírito em outros corpos, o julgamento final. Seu pai gostava de ler para ele livros sobre assuntos metafísicos. O que mais lhe marcou foi o livro Dos Por Quês. Mas, na adolescência de Raul Seixas - 1958 - Rock 'n Roll era música para empregadas domésticas e caminhoneiros."
Esse foi o início de sua história, uma história repetida a exaustão pelos sites da net. Se ainda não conhecem basta visitar o site oficial ou mesmo fazer uma busca que muitas páginas sobre o assunto virão. Eu recomendo a leitura do Baú do Raul. Foi ali que entendi um pouco desse cara, da grande cultura e inteligência que possuía, do ser incompreendido que foi, que falava de sociedade alternativa quando a própria sociedade só se sabia burguesa ou não. O livro revolve aquela angústia existencial que cada um tem ou deveria ter vivendo num mundo feito para linha de produção humana, onde todos vestem uma marca, cortam os cabelos de acordo com as tendências e esperam ansiosos as novidades da coleção primavera-verão européia.
(...)
"Mas, na verdade, eu gosto de saber das coisas por antecipação, mas este saber antecipado me cansa, me deixa prostrado diante das portas fechadas que eu já sabia que não iriam se abrir para mim! Minha existência caminha muitos anos à frente do meu corpo, e é justamente meu corpo frágil, magro, esquálido e desprovido de reservas de energia que tem que suportar as demandas da mente atribulada, terrivelmente neurotizada pela civilização".
*Livro- Baú do Raul - pág.25.
No Baú, espécie de diário como esses que agora todos colocam na web, Raulzito fala de seus ídolos, política, da vida, essa mutante constante alterando corações e mentes e nos deixa a semente da incerteza. Melhor assim, porque como ele, quero sempre o benefício da dúvida, ainda que me entupam de certezas que não são minhas.
Ciao
andrea augusto©angelblue83
Leia: http://www.raulseixas.com.br/
* Transcrevi algumas passagens do Baú do Raul, ao copiar cite a fonte, plis.
Comentários