Para sempre Lygia Fagundes Telles.

Hoje nos deixou um diamante da literatura, da vida, da prosa, da poesia:
 Lygia Fagundes Telles.

Que falta nos fará em tempos de pouca prosa, menos ainda, poesia. Tempos duros e brutos onde pessoas como ela são tão necessárias.
Te amo. Obri
gada por me fazer leitora voraz, amante das letras, apaixonada pela sua literatura. 

Para sempre Ly
gia!


Meus  Amores:

Clarice Lispector entrevista Lygia Fagundes Telles


19/04/1923 a 03/04/2022


Entrevista com Lygia Fagundes Telles: / Você sabe o que uma famosa escritora disse para a outra? Se não sabe, leia o que Clarice Lispector perguntou e Lygia Fagundes Telles respondeu. Mas o final dessa conversa poderá ser na Academia. Eu pretendia ir a São Paulo para entrevistar Lygia Fagundes Telles, pois valia a pena a viagem. Mas acontece que ela veio ao Rio para lançar seu novo livro, Seminário dos ratos. Entre parênteses, já comecei a ler e me parece de ótima qualidade. 

O fato dela vir ao Rio, o que me facilitaria as coisas, combina com Lígia: ela nunca dificulta nada. Conheço a Lygia desde o começo do sempre. Pois não me lembro de ter sido apresentada a ela. Nós nos adoramos. As nossas conversas são francas e as mais variadas. Ora se fala em livros, ora se fala sobre maquilagem e moda, não temos preconceitos. Às vezes se fala em homens. Lygia é um best-seller no melhor sentido da palavra. Seus livros simplesmente são comprados por todo o mundo. O jeito dela escrever é genuíno pois se parece com o seu modo de agir na vida. O estilo e Lygia são muito sensíveis, muito captadores do que está no ar, muito femininos e cheios de delicadeza. Antes de começar a entrevista, quero lembrar que na língua portuguesa, ao contrário de muitas outras línguas, usam-se poetas e poetisas, autor e autora. Poetisa, por exemplo, ridiculariza a mulher-poeta. Com Lygia, há o hábito de se escrever que ela é uma das melhores contistas do Brasil. Mas do jeitinho como escrevem parece que é só entre as mulheres escritoras que ela é boa. Erro. Lygia é também entre os homens escritores um dos escritores maiores. Sabe-se também que recebeu na França (com um conto seu, num concurso a que concorreram muitos escritores da Europa) um prêmio. De modo que falemos dela como ótimo autor. Lygia ainda por cima é bonita. Comecemos pois: 

– Como nasce um conto? Um romance? Qual é a raiz de um texto seu? 

– São perguntas que ouço com freqüência. Procuro então simplificar essa matéria que nada tem de simples. Lembro que algumas idéias podem nascer de uma simples imagem. Ou de uma frase que se ouve por acaso. A idéia do enredo pode ainda se originar de um sonho. Tentativa vã de explicar o inexplicável, de esclarecer o que não pode ser esclarecido no ato da criação. A gente exagera, inventa uma transparência que não existe porque – no fundo sabemos disso perfeitamente – tudo é sombra. Mistério. O artista é um visionário. Um vidente. Tem passe livre no tempo que ele percorre de alto a baixo em seu trapézio voador que avança e recua no espaço: tanta luta, tanto empenho que não exclui a disciplina. A paciência. A vontade do escritor de se comunicar com o seu próximo, de seduzir esse público que olha e julga. Vontade de ser amado. De permanecer. Nesse jogo ele acaba por arriscar tudo. Vale o risco? Vale se a vocação for cumprida com amor, é preciso se apaixonar pelo ofício, ser feliz nesse ofício. Se em outros aspectos as coisas falham (tantas falham) que ao menos fique a alegria de criar.

 – Para mim a arte é uma busca, você concorda? 

– Sim, a arte é uma busca e a marca constante dessa busca é a insatisfação. Na hora em que o artista botar a coroa de louros na cabeça e disser, estou satisfeito, nessa hora mesmo ele morreu como artista. Ou já estava morto antes. É preciso pesquisar, se aventurar por novos caminhos, desconfiar da facilidade com que as palavras se oferecem. Aos jovens que desprezam o estilo, que não trabalham em cima do texto porque acham que logo no primeiro rascunho já está ótimo, tudo bem – a esses recomendo a lição maior que está inteira resumida nestes versos de Carlos Drummond de Andrade:
 

Chega mais perto e contempla as palavras
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta pobre ou terrível que lhe deres
Trouxeste a chave? 

/ – Você, Clarice, que é dona de um dos mais belos estilos da nossa língua, você sabe perfeitamente que apoderar-se dessa chave não é assim simples. Nem fácil, há tantas chaves falsas. E essa é uma fechadura toda cheia de segredos. De ambigüidades. 

– Fale-nos do Seminário dos ratos.

 – Procurei uma renovação de linguagem em cada conto desse meu livro, quis dar um tratamento adequado a cada idéia: um conto pode dar assim a impressão de ser um mero retrato que se vê e em seguida esquece. Mas ninguém vai esquecer esse conto-retrato se nesse retrato houver algo mais além da imagem estática. O retrato de uma árvore é o retrato de uma árvore. Contudo, se a gente sentir que há alguém atrás dessa árvore, que detrás dela alguma coisa está acontecendo ou vai acontecer, se a gente sentir, intuir que na aparente imobilidade está a vida palpitando no chão de insetos, ervas – então esse será um retrato inesquecível. O escritor – ai de nós – quer ser lembrado através do seu texto. E a memória do leitor é tão fraca. Leitor brasileiro, então, tem uma memória fragilíssima, tão inconstante. O padre Luís (um padre santo que fez a minha primeira comunhão, foi ele quem me apresentou a Deus) me contou que um dia conduziu uma procissão no Rio. A procissão saía de uma igreja do Posto Um, dava uma volta por Copacabana e retornava em seguida. Muita gente, todo mundo cantando, velas acesas. Mas à medida que a procissão ia avançando, os fiéis iam ficando pelas esquinas, tantos botequins, tantos cafés. E o mar? Quando finalmente voltou à igreja, ele olhou para trás e viu que restara uma meia dúzia de velhos. E os que carregavam os andores. “As pessoas são muito volúveis”, concluiu padre Luís. Em outros termos, o mesmo diria Garrincha quando um mês depois de ser carregado nos ombros por uma multidão delirante, com o mesmo fervor e no mesmo estádio foi fragorosamente vaiado. Tão volúveis... 

– Isso não é pessimismo?

 / – Não sou pessimista, o pessimista é um mal-humorado. E graças a Deus conservo o meu humor, sei rir de mim mesma. E (mais discretamente) do meu próximo que se envaidece com essas coisas, do próximo que enche o peito de ar, abre o leque da cauda e vai por aí, duro de vaidade. De certeza, tantas medalhas, tantas pompas e glórias, eu ficarei ! Não fica nada. Ou melhor, pode ser que fique, mas o número dos que não deixaram nem a poeira é tão impressionante que seria inocência demais não desconfiar. Sou paulista, e como o mineiro, o paulista é meio desconfiado. Então, o certo é dizer com Millôr Fernandes: “quero ser amado em Ipanema, agora, agora”. Em Ipanema vou lançar esse Seminário dos ratos. O que já é alguma coisa...

 / – Como nasceu esse título? 

– Houve em São Paulo um seminário contra roedores. Lá acontecem diariamente dezenas de seminários sobre tantos temas, esse era contra os ratos. “Daqui por diante eles estarão sob controle”, anunciou um dos organizadores, e o público caiu na gargalhada, porque nessa hora exata um rato atravessou o palco. Tantos projetos fabulosos, tantas promessas. Discursos e discursos com pequenos intervalos para os coquetéis. Palavras, palavras. E de repente pensei numa inversão de papéis, ou seja, nos ratos expulsando todos e se instalando soberanos no seminário. “Que século, meu Deus”, exclamariam repetindo o poeta. E continuariam a roer o edifício. Assim nasceu esse conto. 

– Quais são os temas do livro? 

/ – São quatorze textos que giram em torno de temas que me envolvem desde que comecei a escrever: a solidão, o amor e o desamor. O medo. A loucura. A morte – tudo isso que aí está em redor. E em nós. Quando fico deprimida vejo claramente essas três espécies em extinção: o índio, a árvore e o escritor. Mas reajo, não sei tra- balhar sem a esperança no coração. Sou de Áries, recebo a energia do sol. E de Deus, o que vem a dar no mesmo, tenho paixão por Deus.

 – Há muita gente louca no Seminário dos ratos?

 / – Sim, há um razoável número de loucos nesse meu livro e também nos outros. Mas a loucura não anda mesmo por aí galopante? “Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco representaria uma outra forma de loucura”, disse Pascal.

 – O que mais lhe perguntam? 

– Eis o que me perguntam sempre: compensa escrever? Economicamente, não. Mas compensa – e tanto – por outro lado através do meu trabalho fiz verdadeiros amigos. E o estímulo do leitor? E daí? “As glórias que vêm tarde já vêm frias”, escreveu o Dirceu de Marília. Me leia enquanto estou quente.


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Fonte: aqui.

Lygia Fagundes Telles - a inventora de memórias

  Lygia Fagundes Telles, foto: Eduardo Knapp/Folhapress

"Paixão e vocação"

(...) "Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspi a semente: assim  queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto."
- Lygia Fagundes Telles, in "Verde lagarto amarelo".



"Salve o dia 19
Onde nascemos os dois
Eu, no século passado
A Lygia um século depois"
- Manuel Bandeira

“veio o vento e soprou o calendário”
- Lygia Fagundes Telles


Lygia, Curso Fundamental/Escola Caetano de Campos
(Acervo IMS)
Quarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, nasce na capital paulista, em 19 de abril de 1923, Lygia de Azevedo Fagundes, na rua Barão de Tatuí. Seu pai, advogado, exerceu os cargos de delegado e promotor público em diversas cidades do interior paulista (Sertãozinho, Apiaí, Descalvado, Areias e Itatinga), razão porque a escritora passa seus primeiros anos da infância mudando-se constantemente. Acostuma-se a ouvir histórias contadas pelas pajens e por outras crianças. Em pouco tempo, começa a criar seus próprios contos e, em 1931, já alfabetizada, escreve nas últimas páginas de seus cadernos escolares as histórias que irá contar nas rodas domésticas. Como ocorreu com todos nós, as primeiras narrativas que ouviu falavam de temas aterrorizantes, com mulas-sem-cabeça, lobisomens e tempestades.
Seu pai gostava de freqüentar casas de jogos, levando Lygia consigo "para dar sorte". Diz a escritora: "Na roleta, gostava de jogar no verde. Eu, que jogo na palavra, sempre preferi o verde, ele está em toda a minha ficção. É a cor da esperança, que aprendi com meu pai."
Em 1936 seus pais se separam, mas não se desquitam.
“Porão e sobrado” é o primeiro livro de contos publicado pela autora, em 1938, com a edição paga por seu pai. Assina apenas como Lygia Fagundes.
No ano seguinte termina o curso fundamental no Instituto de Educação Caetano de Campos, na capital paulista. Ingressa, em 1940, na Escola Superior de Educação Física, naquela cidade. Ao mesmo tempo, freqüenta o curso pré-jurídico, preparatório para a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.
Lygia Fagundes Telles (Acervo IMS)
Inicia o curso de Direito em 1941, freqüentando as rodas literárias que se reuniam em restaurantes, cafés e livrarias próximas à faculdade. Ali conhece Mário e Oswald de AndradePaulo Emílio Sales Gomes, entre outros, e integra a Academia de Letras da Faculdade e colabora com os jornais Arcádia e A Balança. Para se sustentar, trabalha como assistente do Departamento Agrícola do Estado de São Paulo. Nesse ano conclui o curso de Educação Física.
“Praia viva”, sua segunda coletânea de contos, é editada em 1944 pela Martins, de São Paulo. O ano de 1945 marca o ano de falecimento de seu pai. Atenta aos acontecimentos políticos, Lygia participa, com colegas da Faculdade, de uma passeata contra o Estado Novo.
Terminado o curso de Direito, em 1946, só três anos depois a escritora publica, pela editora Mérito, seu terceiro livro de contos, “O cacto vermelho”. O volume recebe o Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras.
Casa-se com o jurista Goffredo da Silva Telles Jr., seu professor na Faculdade de Direito que, na ocasião, 1950, era deputado federal. Muda-se, em virtude desse fato, para o Rio de Janeiro, onde funcionava a Câmara Federal.
Com seu retorno à capital paulista, em 1952, começa a escrever seu primeiro romance, Ciranda de pedra. Na fazenda Santo Antônio, em Araras - SP, de propriedade da avó de seu marido, para onde viaja constantemente, escreve várias partes desse romance. Essa fazenda ficou famosa na década de 20, pois lá reuniam-se os escritores e artistas que participaram do movimento modernista, tais como Mário e Oswald de AndradeTarsila do AmaralAnita Malfatti Heitor Villa-Lobos.
Maria do Rosário, sua mãe, falece em 1953 e, no ano seguinte, nasce seu único filho, Goffredo da Silva Telles Neto. As Edições O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, lançam “Ciranda de pedra”.
Lygia, em 1956, na Fazendo Santo Antonio
(Acervo IMS)
Seu livro de contos, “Histórias do desencontro”, é publicado pela editora José Olympio, do Rio de Janeiro, e é premiado pelo Instituto Nacional do Livro, em 1958.
Em 1960 separa-se de seu marido Goffredo e, no ano seguinte, começa a trabalhar como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo.
Dois anos depois lança, pela editora Martins, de São Paulo, seu segundo romance, “Verão no aquário”. Passa a viver com Paulo Emílio Salles Gomes e começa a escrever o romance “As meninas”, inspirado no momento político por que passa o país.
Em 1964 e 1965 são publicados seus livros de contos “Histórias escolhidas” e “O jardim selvagem”, respectivamente, pela editora Martins.
A convite do cineasta Paulo César Sarraceni e em parceria com Paulo Emílio Salles Gomes, em 1967, faz a adaptação para o cinema do romance D. Casmurro, de Machado de Assis. Esse trabalho foi publicado, em 1993, pela editora Siciliano, de São Paulo, sob o título de “Capitu”.
Seu livro de contos “Antes do baile”, publicado pela Bloch, do Rio de Janeiro, em 1970, recebe o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França.
O lançamento, em 1973, pela José Olympio, de seu terceiro romance, “As meninas”, é um sucesso. A escritora arrebata todos os prêmios literários de importância no país: o Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e o de "Ficção" da Associação Paulista de Críticos de Arte.
“Seminário de ratos”, contos, é publicado em 1977 pela José Olympio e recebe o prêmio da categoria Pen Club do Brasil. Nesse ano participa da coletânea Missa do Galo: variações sobre o mesmo tema, livro organizado por Osman Lins a partir do conto clássico de Machado de Assis. Integra o corpo de jurados do Concurso Unibanco de Literatura, ao lado dos escritores e críticos literários Otto Lara ResendeIgnácio de Loyola BrandãoJoão AntônioAntônio Houaiss Geraldo Galvão Ferraz.
Lygia,  em 1954, São Paulo (Acervo IMS)
Em setembro desse ano, falece Paulo Emílio Salles Gomes. A escritora assume, face ao ocorrido, a presidência da Cinemateca Brasileira, que Paulo Emílio ajudara a fundar.
Em 1978 a editora Cultura, de São Paulo, lança “Filhos pródigos”. Essa coletânea de contos seria republicada a partir de 1991 sob o título “A estrutura da bolha de sabão”. A TV Globo leva ao ar um Caso Especial baseado no conto "O jardim selvagem".
Sua editora no período de 1980 até 1997, a Nova Fronteira, do Rio de Janeiro publica “A disciplina do amor”. No ano seguinte lança “Mistérios”, uma coletânea de contos fantásticos. A TV Globo transmite a telenovela Ciranda de pedra, adaptada de seu romance.
Em 1982 é eleita para a cadeira 28 da Academia Paulista de Letras e, em 1985, por 32 votos a 7. É eleita membro da Academia Brasileira de Letras, em 24 de outubro de 1985, na sucessão de Pedro Calmon e recebida em 12 de maio de 1987 pelo acadêmico Eduardo Portellaé a quarta ocupante da Cadeira nº 16, fundada por Gregório de Mattos. Ainda em 1985 é agraciada com a medalha da Ordem do Rio Branco.
1989 é o ano de lançamento de seu romance As horas nuas. Recebe a Comenda Portuguesa Dom Infante Santo. Em 1990 seu filho, Goffredo Neto, realiza o documentário Narrarte, sobre a vida e a obra da mãe. Em 1991 aposenta-se como funcionária pública.
A Rede Globo de Televisão apresenta, em 1993, dentro da série Retratos de mulher, a adaptação da própria escritora do seu conto "O moço do saxofone", que faz parte do livro Antes do baile verde, num episódio denominado "Era uma vez Valdete".
Lygia Fagundes Telles, autografando um livro em 1958
(Acervo IMS)
Participa da Feira o Livro de Frankfurt, na Alemanha, em 1994, e lança, no ano seguinte, um novo livro de contos, A noite escura e mais eu, que ganhou os prêmios de Melhor livro de contos, concedido pela Biblioteca Nacional; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e Prêmio APLUB de Literatura.
Em 1996 estréia o filme As meninas, de Emiliano Ribeiro, baseado em romance homônimo de Lygia. Em 1997 participa da série O escritor por ele mesmo, do Instituto Moreira Salles. A editora Rocco adquire os direitos de publicação de toda a obra passada e futura da escritora.
Em 1998, a convite do governo francês, participa do Salão do Livro da França.
Seu livro Invenção e Memória foi agraciado com o Prêmio Jabuti, na categoria ficção, em 2001. Recebe, também, o "Golfinho de Ouro" e o Grande Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Agraciada, em março de 2001, com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Brasília (UnB).
Em 2005, recebe o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa.
Fonte: Releituras


"Escrevi que toda minha vida convergia para ele e que era só dele que iria se irradiar de hoje em diante. Quero te dizer também que nós, as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo. Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo. A verdade, meu querido, é que a vida, o mundo dobra-se sempre às nossas decisões. Não nos esqueçamos das cicatrizes feitas pela morte. Nossa plenitude, eis o que importa. Elaboremos em nós as forças que nos farão plenos e verdadeiros."
- Lygia Fagundes Telles, no livro “As meninas”. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.


"Tão difícil a vida e seu ofício. E ninguém ao lado para receber a totalidade dos seres humanos, isso nos últimos anos da sua vida sem muita ilusão..."
- Lygia Fagundes Telles, in "A disciplina do amor".

Lygia Fagundes Telles, Goffredo Telles Junior e o filho (Acervo IMS)

"Vocês me parecem tão sem mistério, tão descobertas, chego a pensar que sei tudo a respeito de cada uma e de repente me assusto quando descubro que me enganei, que sei pouquíssima coisa."
- Lygia Fagundes Telles, no livro “As meninas”. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.


LEITURAS DE LYGIA FAGUNDES TELLES
Ela quase não lê coisa nova, prefere reler Drummond, Manuel Bandeira, João Cabral e Melo Neto e Guimarães Rosa, que “me fazem companhia, gosto deles e não me esqueço”. As lembranças. Com Paulo Emílio, por exemplo, descobriu Pasárgada.
- in "Lygia de todas as letras", Prosa/O Globo (12.4.2013).



Lygia Fagundes Telles


“É difícil separar a ficção da invenção, a fantasia da memória. Não há uma linha separando o que você viu do que você sonhou. A imaginação ocupa o espaço da memória.”
- Lygia Fagundes Telles, em entrevista ao jornal O Povo, 2007.


OBRAS DA AUTORA
CONTOS
Porão e sobrado. [bancado pelo pai da autora], 1938.
Praia viva. [coletânea de contos]. São Paulo: Editora Martins, 1944.
O cacto vermelho. São Paulo: Editora Mérito, 1949.
Histórias do desencontro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1958.
Histórias escolhidas. São Paulo: Editora Martins, 1964.
O jardim selvagemSão Paulo: Editora Martins, 1965.
Antes do baile verde. Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1970. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 208p.
Seminário dos ratos. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1977. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 184p.
Filhos pródigosSão Paulo: Editora Cultura, 1978. reeditado como A estrutura da bolha de sabão”.  1991. (reedição Editora Cia das Letras, 2010), 184p.
Mistérios. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981. (reedição Editora Rocco)
A noite escura e mais eu. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1995. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 128p.
Meus contos preferidos. [antologia de contos]. Editora Rocco, 2004.
Histórias de mistério. [Coletânea de contos]. Editora Rocco, 2004. (reedição Editora Cia das Letras, 2011 - com Ilust. Eloar Guazzelli - e Org. Rosa Amanda Strausz), 64p.
Meus contos esquecidos. [antologia de contos]. Editora Rocco, 2005.
O Segredo - E outras histórias de descoberta. [coletânea de contos], Rio de Janeiro: Companhia das Leras, 2012, 64p.
Um coração ardente. [coletânea 10 contos publicados entre 1958 e 1981],  Rio de Janeiro: Editora Cia das Letras, 2012.



Lygia Fagundes Telles, por Netto
FICÇÃO E MEMÓRIA
A Disciplina do Amor. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980. (reedição Editora Cia das Letras, 2010), 224p.
Invenção e MemóriaEditora Rocco, 2000. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 144p.
Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. [Org. Suênio Campos de Lucena]. Editora Rocco, 2002. (reedição Editora Cia das Letras, 2010), 160p.
Conspiração de Nuvens. Editora Rocco, 2007.


CRÔNICAS
Passaporte para a China. [Crônicas de viagem], Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2011, 112p.


ROMANCES
Ciranda de pedra. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1954. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 224p.
Verão no aquário. São Paulo: Editora Martins, 1963. (reedição Editora Cia das Letras, 2010), 232 p.
As meninas. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1973. (reedição Editora Cia das Letras, 2009), 304p.
As horas nuas. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1989. (reedição Editora Cia das Letras, 2010), 256p.


ANTOLOGIAS
Seleta. [organização, estudos e notas de Nelly Novaes Coelho]. 1971.
Lygia Fagundes Telles. [organização de Leonardo Monteiro], 1980.
Os Melhores Contos de Lygia Fagundes Telles. [seleção de Eduardo Portella]. Editora Global. 1982.
Venha Ver o Pôr-do-sol e Outros Contos. Editora Ática. 1997.
Oito Contos de Amor. [seleção de Pedro Paulo Sena Madureira]. Editora Ática. 1997.
Pomba Enamorada e Outros Contos Escolhidos. [seleção de Léa Masina]. Editora LePM Pocket. 1999.
A confissão de Leontina e fragmentos. [seleção de Maura Sardinha]. 1996.

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