Sydney Pollack





Sydney Pollack nasceu em Lafayette, cidade do Indiana em 1934, “era um verdadeiro deserto (...) muito anti-semita” onde não havia “muitos judeus” como eles, disse em 2002 numa entrevista ao "The Guardian". O pai era farmacêutico porque não tinha tido dinheiro para o curso de Medicina e teve de ficar por ali (também era pugilista semi-profissional, coisa que ele nunca poderia ter sido: “Eu só via os socos quando eles já estavam demasiado perto”), a mãe tornou-se alcoólica depois do divórcio e acabou por morrer quando ele tinha 16 anos. Nessa altura, Sydney Pollack já sabia o que queria ser na vida: ator.

“Quando se tem uma carreira como a minha, tão identificada com Hollywood, com os grandes estúdios e as grandes estrelas, é inevitável que uma pessoa se pergunte se não devia ir à sua vida e fazer aquilo que o mundo considera filmes pessoais. Mas eu acho que enganei toda a gente. Eu sempre fiz filmes pessoais – só que os fiz noutro formato.”


O formato dele não tinha as pretensões iconoclastas que teve o trabalho da geração seguinte – a geração de Scorsese, Coppola e Spielberg, depois da qual tudo mudou. Geração que ele adorava, mas não fazia parte dela – tinha preocupações que eram ao mesmo tempo comerciais e autorais: “Como realizador, tenho primeiro de satisfazer as necessidades de uma arte popular e tenho depois de levantar questões que sejam suficientemente intrigantes. Não quero que os meus filmes sejam intelectualmente insultuosos.”

Não eram. Filmes como O Nosso Amor de Ontem , Tootsie e sobretudo África Minha tornaram o cinema dele suficientemente relevante – mais do que suficientemente intrigante – para o
grande público.
Fez alguns dos filmes mais influentes e mais memoráveis das últimas três décadas. Tinha uma sensibilidade política muito aguda e um profundo sentido do que estava em jogo a cada
momento; sabia quais eram as questões a que o cinema tinha de dar resposta. E avançou e mudou à medida que o mundo avançou e mudou, não ficou fechado e engavetado numa década, escreveu a ensaísta Jeanine Basinger ao Los Angeles Times.

Nos últimos anos, e sobretudo depois do fracasso de Havana, Sydney Pollack foi cada vez menos realizador e cada vez mais ator, o que também não deixou de ser um ganho para aqueles que o admiravam.

Sydney Pollack faleceu hoje em casa, num subúrbio de Los Angeles, aos 73 anos. Sabia que tinha cancro há dez meses, mas os médicos nunca descobriram de onde vinha.

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Comentários

Andréia Lino disse…
perdi o endereço do outro blog

me passa tá. bjoka
Roger Rodrigues disse…
Ainda não assisti nenhum filme do Pollack, mas parece-me uma ótima hora para conhecê-los.

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