Amácio Mazzaropi

Amácio, o caipira.

/ Não tenho lembranças dele, além de não ser do meu tempo, pouco vi na TV, infelizmente.
Talvez os meus ou um dos meus 6 leitores e meio entenda porque eu gosto dele. Se for mineiro ou tiver raízes mineiras como eu, entenderá perfeitamente.
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Em 1910, Clara Ferreira e Bernardo Mazzaropi já casados, vão morar em São Paulo, no bairro de Santa Cecília. Ela, empregada doméstica, e ele, motorista de automóvel de aluguel, dois anos depois em 1912 na pequena casa, nasce Amácio Mazzaropi, no dia 9 de abril.
Em 1914 a falta de dinheiro e o espírito inquieto do pai, levam a família Mazzaropi de volta para Taubaté.
É lá, em Taubaté que Mazzaropi vai descobrir sua vocação. O João José Ferreira, português, exímio tocador de viola, bom dançarino e animador famoso das festas do bairro rural, levava sempre com ele os netos Amácio e Vitório Lazzarini.

Mas uma vez a inquietude do pai (acho que era geminiano, rss) os levará de volta a São Paulo. Mazzaropi ingressa no Grupo Escolar do Largo de São José do Belém. Bom aluno, tinha incrível facilidade para decorar poesias e logo vira o centro das atenções nas festas da escola como declamador-mor.
Com a morte do avó, a família retorna a Taubaté e Mazzaropi começa a namorar o circo. Seus pais contrários a idéia tratam de mandar o menino para Curitiba.
Anos mais tarde, depois de idas e vindas, inclusive sendo ajudante do faquir, Mazzaropi convence a família a seguir com o circo. Os pais, acreditem tornam-se atores fazendo bem sucedida turmê. E a Troupe vira Companhia Amácio Mazzaropi viaja pelo interior do Estado e as apresentações são largamente concorridas, mas falta dinheiro para melhorar a companhia. Com direito a pavilão e tudo.
Em 1943 em fins de novembro, Amácio com 31 anos, recebe uma herança da avó Maria Pitta e realiza o sonho de colocar uma cobertura de zinco em seu pavilhão para, assim, poder estrear na capital.


O Jornal de São Paulo publica a crítica de Francisco Sá “O que vai pelo teatro”, onde elogia a atuação do jovem Amácio.
Nessa época o pai adoece e as despesas com seu tratamento complicam as finanças da companhia.
Mazzaropi é convidado para substituir Oscarito numa peça em cartaz no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. Oscarito, então o ator mais famoso do país, mas dinheiro e decepcionado, volta para Pindamonhangaba e dissolve a companhia. Desmonta o teatro e o deixa no Pátio da Estação Ferroviária. Mas seria por pouco tempo, logo ele voltaria a atuar.
Quatro dias depois da morte do pai, Amácio estréia ao lado de Nino Nello no Teatro Oberdã, em São Paulo. Mazzaropi é ator e diretor na peça "Filho de sapateiro, sapateiro deve ser". A temporada recebe sucesso de público e crítica.
Dois anos mais tarde, assina contrato com a Companhia Dercy Gonçalves e atua ao lado da famosa atriz, na super revista "Sabe lá o que é isso?" de Jorge Murad, no Cine Theatro Odeon. O ator Mazzaropi, aos 36 anos, tem grande prestígio no teatro e na rádio com os programas na Tupi do Rio de Janeiro e Baré de Manaus.
Em breve estaria nos cinemas onde a carreira seria um enorme sucesso. Tanto que com a Vera Cruz, a maior produtora de filmes da época afundando em dívidas, achou que era o momento de arriscar alto, era tudo ou nada, e resolve criar sua própria produtora, a Produções Amácio Mazzaropi (P.A.M. FILMES). Com recursos próprios, inicia as filmagens de CHOFER DE PRAÇA. Para produzir o filme, Mazzaropi vende a casa, carro e tudo que podia para alugar os estúdios e equipamentos da Companhia Vera Cruz. Além de produzir, Mazzaropi passa a cuidar do lançamento e distribuição de seus filmes por todo o Brasil controlando na bilheteria o resultado dos filmes. Estava com 46 anos.
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A empreitada dá mais do que certo e os filmes vão surgindo um a um e fazendo legiões de fãs.
"A casinha pequenina" filme colorido, é considerado pela crítica como um épico. Lançado em 21 de janeiro de 1963, marcaria a estréia de Tarcísio Meira e Luis Gustavo no cinema.
A farta produção cinematográfica de Mazzaropi vai até o ano de 1980 quando deixa uma produção inacabada.
Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca será terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.
/Guardadas as devidas proporções era o nosso Carlitos, que sintetizou gestos, manias e caráter do caipira que se transferiu das áreas rurais para as urbanas nas décadas de 50-60.
Mazzaropi levou para a cidade, o caipira que longe de ser bobo, era inocente, correto e possuía uma malandragem distituída de mau caratismo. Em cada história levada ao cinema, teatro e rádio parecia sempre aquele que seria enganado, ludibriado, mas em geral saia por cima e deixava sempre uma lição a ser aprendida. Uma grande figura que entrou para o imaginário popular. O Jeca, um caipira com muito orgulho sim senhor!
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Link: Museu Virtual

Comentários

Andrea, qeu show de informação, sempre fui fã do Mazzaropi, tenho até alguns filmes dele em casa mas nunca havia me interessado por maiores informaçoes....Nem sequer sabia que ele veio morar aqui em minha cidade...Curitiba...Adorei
beijos

joao
Luiz disse…
Andie querida, pouco vi de Mazaropi, como voce. Sei dele personagem como o jeca que sempre se saia bem. Um cara como ele que, no quase tempo das diligências, fez tantos filmes não pode ser um cara qualquer. Bela homenagem !
Anônimo disse…
Tambem amo esse artista , sem duvidas foi o maior comediante que o Brasil ja teve, acho que ate do mundo, amo os filmes dele, parabens pelo blog!esse artista merece ser lembrado.

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