A história de François Truffaut começou toda errada para dar tão certo. Foi rejeitado pela mãe, tornou-se ladrão, foi denunciado pelo padrasto e preso aos 16 anos. Como explicar que em apenas dez anos ele revolucionaria o cinema francês? Aos 26, ele inaugura o Nouvelle Vague, movimento que renovou o cinema francês, com um de seus melhores filmes, “Os incompreendidos”.
O cinema salvou-o de se tornar marginal e deu estofo necessário para fazer dele um crítico dos mais violentos.
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Ainda assim, uma infância e adolescência tão conturbados, não passariam impunes. Para o cinema foi ótimo, para a vida pessoal nem tanto. Teve três filhas e um filho homem, as relações com seu padrasto, de quem herdou o sobrenome, nunca foram boas e com a mãe menos ainda, tanto que ela morreu sem sequer conhecer os netos.

A obra de Truffaut é toda pautada pela busca do Amor. Não importa que tipo de amor ou mesmo se é correto ou transgressor, o que importa é o modo como esse sentimento coloca todos nós em pé de igualdade. Somos igualmente possessivos, ciumentos, idiotas, românticos e em situações extremadas preferimos destruir seu objeto de desejo a perdê-lo. Truffaut não nos poupa das lágrimas, do vômito, do escarro, do sangue virginal. Os fluídos corporais são pequenos lembretes mandados pela Morte de que ela nos espera logo ali na esquina. Aos personagens, só resta crer no Amor. Crer é a palavra chave; para Truffaut, o Amor é uma religião.
Isso é Truffaut. E por isso sou devota. Essa é a melhor palavra a usar quando se é mais do que apaixonada.
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Mas não cabe aqui fazer um relato biográfico da vida de Truffaut, essas informações são facilmente encontradas na internet. Na verdade, hoje dia 21 de outubro, deu vontade de relembrá-lo porque nesse mesmo dia no de 1984, o mundo perdia o gênio François Truffaut. Tinha apenas 52 anos.


“(…) Tudo o que é do domínio afetivo reclama o Absoluto. O filho quer a mãe por toda a vida, os amantes querem se amar por toda a vida, tudo em nós pede o Definitivo – enquanto que a vida nos ensina o Provisório. Na medida em que o tempo passa, torna-se conveniente esquecermos nossos mortos, pois, esquecendo-os, é a nossa própria morte que esquecemos. (…) O verdadeiro dilaceramento reside na necessidade de aceitarmos o Provisório – para sobrevivermos”.
(O Cinema Segundo François Truffaut , Editora Nova Fronteira, 1988).
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