"Clarão, luar, vulcão, no vesgo do seu olhar, quem vê, não diz, quem é, Elis, essa mulher. Mourão, pilar, brasão da música popular, quem viu bendiz a voz de Elis, essa mulher. É uma santa garganta que Deus fez e, quando ouviu, não quis nem copiar, raio de luz que passa uma só vez mas que deixa um sagrado som no ar, não tem mais nem pra nós nem pra vocês, essa voz que o Brasil amou demais, feito estrela voltou pro céu talvez ou foi cantar pros Orixás."

Letra da canção SAMBA PRA ELIS - Joyce/Paulo César Pinheiro.


Nascida em 17 de março de 1945, ela estaria completando 60 anos se ainda estivesse viva. Dona de uma voz única, a jovem Elis saiu do Rio Grande do Sul para se transformar numa mulher talentosa e prestigiada. Mesmo tendo morrido há mais de 20 anos, Elis Regina continua viva na mídia e nos corações das pessoas.

Elis Regina foi revelada para o grande público em 1965, defendendo a música Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, vencedora do Festival da Excelsior de 1965. O seguinte grande passo em sua carreira seria o programa O fino da bossa, que apresentou junto com o intérprete Jair Rodrigues e resultou em momentos antológicos, devidamente registrados em uma série de cinco discos gravados ao vivo, entre os quais se destaca Dois na bossa.O programa a colocou em contato com uma série de novos talentos da MPB, como Milton Nascimento, cuja carreira ganhou um grande impulso com as interpretações que ela fez dos seus maiores sucessos, principalmente Travessia, dele e de Fernando Brandt. Aliás, revelar talentos novos era uma de suas marcas registradas: sua voz projetou a carreira de compositores importantes da década de 1970, como Belchior, Gonzaguinha, Guilherme Arantes e a dupla João Bosco e Aldir Blanc. Também era capaz de redescobrir alguns clássicos da MPB, como é o caso de Adoniran Barbosa. Gravou ainda com grandes nomes da música brasileira, como Tom Jobim, com quem fez o clássico Tom & Elis, em 1974, que, segundo a crítica especializada, está entre os dez maiores discos da MPB.

No show Falso brilhante, com o qual passou um ano e meio em cartaz, cantou O bêbado e a equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, que se tornou o hino da campanha pela anistia e a redimiu perante a mídia, particularmente os jornalistas de esquerda, que não pouparam críticas à chamada comercial que gravara para as olimpíadas do Exército no auge da ditadura militar. Fez, em seguida, um show marcado pelo engajamento político, no qual ela e sua banda se apresentaram vestidos de operários: Transversal do tempo.
Sua carreira seguiu de vento em popa e, apesar da conturbada vida pessoal ter lhe valido o apelido de Pimenta, o país se surpreendeu com a notícia da sua morte devido a uma mistura de cocaína, uísque e tranqüilizantes, em janeiro de 1982.

Essa é uma pequena biografia burocrática de Elis espalhada por diversos sites e blogs da net. Não dá pra fugir disso, assim como falar da trajetória dela em detalhes daria mais que um livro. Eu tentei escrever, ser mais informal, colocar fatos, frases, fotos até desistir de tudo. Apaguei o que escrevi, peguei nos arquivos essa pequena biografia, mexi um pouco, colei aqui, salvei, desliguei o PC e tratei de ouvir Elis.

No dia em que faria 60 anos, nada do que se diga, se escreva ou se leia sobre ela, que ainda não se saiba, chega aos pés de ouvi-la cantando. Definitivamente, a música era seu idioma maior. Ouça Elis.









"Tenho o prazer de me danar e me recompor sozinha. Não preciso de muletas."


Leia: http://editora.globo.com/especiais/2005/elis/index.htm

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