"Growing up happens in a heartbeat. One day you're in diapers, the next day you're gone. But the memories of childhood stay with you for the long haul. I remember a place... a town... a house like a lot of other houses… a yard like a lot of other yards… on a street like a lot of other streets. And the thing is… after all these years, I still look back… with WONDER."


Tradução livre:


"Crescer acontece num piscar de olhos. Um dia você está de fraldas, no outro você já se foi. Mas as lembranças da infância ficam com você a longo prazo. Me lembro de um lugar... uma cidade... uma casa como muitas outras casas... um quintal como muitos outros quintais... numa rua como muitas outras ruas. E o negócio é que... depois de todos esses anos, eu ainda olho pra trás... maravilhado."







De alguma maneira esse texto que é sempre dito no seriado "Wonder Years, me veio a cabeça hoje.
Para quem não conhece a história desse seriado, aconselho que assista às 18:00 e pouquinho, de segunda a sexta, no Multishow. É apaixonante. De forma simples, direta e muito reflexiva, oculto por sua voz, o adulto, Kevin Arnold vai narrando os Anos Incríveis de sua infância e pré-adolescencia. O primeiro amor, as amizades, suas descobertas e sobretudo o que ficou nele pelo resto de sua vida. A cada episódio o fechamento é sempre comovente, é essa a palavra, comovente. A inocência dos Anos Incríveis que todos nós tivemos.

Hoje de forma especial relembrei esses anos que fizeram parte da minha vida. Eu e a Jack, minha melhor amiga, nossas experiências, nossas diferenças, ela tão pé no chão, pronta para comprar uma briga, eu tão sensível, a adolescente mais nova que ela que gostava "daqueles filmes estranhos", sempre algum clássico, "muito entediante" segundo ela que adorava um bom Jean-Claude Van Damme, que entrava e revolvia a parada. Se para ela tudo era preto ou branco, para mim as nuances das entrelinhas eram tão mais claras. A vida seguiu, crescemos e fomos Thelmas e Louises, cada uma a seu modo, os caras errados na hora certa, a hora errada para os caras certos. O que me faltava em força era dela que recebia, o que lhe faltava em sensibilidade, em subjetividade, era de mim que ela tirava.
Era assim, nós duas contra o mundo, uma amizade que percorreu metade das nossas vidas, perdemos nossos pais, primeiro eu, depois ela exatamente um ano depois. Choramos muito e rimos outro tanto. Ela tão explícita, eu tão implícita. Ela capaz de dizer no ato o que sentia, eu com um nó gigante procurando as palavras, as mãos, um jeito de dizer e sempre nunca na hora. Ela sabia. Era só olhar que ela sabia o que se passava. E bastava um momento e ela já estava me perguntando se determinada blusa lhe caia bem e eu olhava ainda do momento anterior, sem saber o que dizer, quando ainda tinha o que falar. Mas era sempre assim.
Hoje ela me ligou, disse que estava grávida e chorei tanto, tanto. Ela desejava muito, mesmo vivendo um momento difícil, ela queria muito. Chorei pela continuidade dela aqui na terra, pela sorte que as gerações futuras terão com essa criança, pelo que enxergarei da Jack nela, pelo que vai ficar perambulando pelos caminhos que conhecemos tão bem, por tudo que sei que vai viver, pelo o que a Jack não vai conseguir entender na sua lógica "vandammiana" e eu certamente falando de Freud e Piaget e eu sei que os meus anos incríveis terão continuidade e serão os melhores anos do resto da minha vida.



Oh, I get by with a little help from my friends
with a little help from my friends


Artist: Beatles - Joe Cocker - Song: With a Little Help of My Friends



andrea augusto©angelblue83








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