Beijo na boca.




Um beijo pode ser um ato solene ou uma carícia sexual profunda. A duração dos beijos, nos primórdios do cinema, foi censurada, mais ainda quando a carícia envolvia a língua. Foram estabelecidas novas regras, que diminuíram o tempo médio do beijo de quatro segundos para um segundo e meio. O primeiro beijo de um casal costuma selar uma espécie de pacto sobre os possíveis avanços.
Para os adolescentes dos anos 60 só tinha graça ir ao cinema acompanhado se fosse para sentar na última fila. Era ali que se podia beijar à vontade. O beijo era o limite da decência e o máximo permitido, portanto, deveria ser muito bem dado.
Beijar bem ou mal transformara-se numa grande questão e servia de critério para valorizar ou desprestigiar um namorado. O primeiro beijo, então, nem se fala. Revestia-se de importância especial e era aguardado com ansiedade.
Em muitos grupos circulava um caderno de recordações em que os jovens respondiam a várias perguntas, sendo que uma nunca faltava: “Já beijaste alguém?” Nem todos diziam a verdade, claro, mas as meninas que já haviam sido beijadas, demonstrando superioridade, se dispunham a ensinar às outras como fazer. E o beijo na cena final dos filmes de Hollywood prosseguia na missão de alimentar o ideal romântico de toda uma geração.
Às vezes, o beijo desperta paixões, como aconteceu com Scarlett e Rhett no filme “E o vento levou”, quando a heroína descobre no poder mágico de um beijo a dimensão até então desconhecida da felicidade física, que muda toda a história. Pode também deixar marcas indeléveis na memória, como dizia Brigitte Bardot a Jean-Louis Trintignant em “E Deus criou a mulher”: “Se me beijares, nunca mais me esquecerás.”
Entretanto, em alguns casos o beijo promove o efeito contrário: o desencanto amoroso. E ninguém sabe bem explicar por quê. Talvez seja mesmo uma questão de química pessoal e a resposta, meramente biológica. Segundo os cientistas, existem substâncias produzidas por glândulas sebáceas dentro da boca e nas bordas dos lábios que, passadas de uma pessoa para outra, provocariam intenso desejo sexual ou sensação de desagrado.
Por tocar tão fundo na alma, apesar de desejado, o beijo também encerra a ideia de perigo. É sabido que as prostitutas se protegem do envolvimento amoroso com seus clientes se recusando a beijá-los.
Há mais de dois mil anos, na Grécia, já se temiam as consequências do beijo. Xenofonte em Memoráveis faz seu mestre Sócrates dizer que o beijo de um belo rapaz é mais perigoso do que a picada de uma tarântula, porque o contato dos lábios com um jovem reduz instantaneamente à escravidão o mais velho que se arriscou a ele.
E quando um casal não mais se beija? Significa que a relação está chegando ao fim? Embora possam existir outros motivos para não haver mais beijo, como no caso da internauta, em muitos casais beijar é a primeira ação íntima que cessa quando um relacionamento entra em decadência.
O sexo ainda sobrevive mais um pouco. Aquela rotineira e fraternal troca de beijos no rosto pode bem exprimir que o desejo sexual de um pelo outro já é coisa do passado. Assim, o beijo pode funcionar como termômetro, medindo o grau de profundidade e desejo de uma relação.
As mulheres são as que mais o reivindicam nas relações amorosas, por experimentarem o corpo todo como zona erógena e não, como os homens, predominantemente os órgãos genitais. Shere Hite encontrou várias respostas nesse sentido entre as mulheres que entrevistou para sua pesquisa sobre sexualidade feminina:
“Mais beijos, menos pressa, mais ternura.” “Gostaria que nos beijássemos mais frequentemente na boca.” “Quando eu lhe explico que os beijos e as carícias me excitam, ele trata logo de se esquecer.” “O que desejo ardentemente são toneladas de beijos.” “Para mim beijar é muito importante. Às vezes chego quase a gozar.”
Pelo jeito, o beijo é muito mais importante do que supõem muitos homens.

Daqui.





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