meio ambiente


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"A natureza para ser comandada precisa ser obedecida"

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Foi com essa frase que a jornalista Marília Gabriela apresentou o entrevistado da semana, o ecoeconomista Hugo Penteado. Ele esta lançando o livro "Ecoeconomia - uma nova abordagem".
Por princípio, eu acho esse tipo de assunto chato, ou melhor a abordagem é chata e cansativa geralmente, mas zapeando a TV e parando nessa entrevista, não consegui mais sair dali e confesso que o sorridente e otimista Hugo Penteado conseguiu prender minha atenção.
Ele foi claro, conciso, mostrou a gravidade do problema e foi além, ou seja focando aspectos que eu confesso nunca ter lido ou visto por aí.
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Quando ele diz que essa missão é de todos porque a Terra não esta nem aí pra ninguém, que nós é que precisamos dela e não ao contrário, com o detalhe: é a Terra que manda, não é o planeta que esta ameaçado, não é a natureza que esta ameaçada, quem esta ameçado somos nós. Ele muda o foco do problema o que durante toda a entrevista foi o grande diferencial.
Ecochatos em geral e suas gritas alarmistas são sempre no sentido de vamos salvar o Planeta. O Planeta precisa de você, etc, etc, etc. Precisa nada!! Nós é que precisamos dele é estamos vacilando feio nisso sendo que uma das questões fundamentais é o controle da natalidade, por um motivo muito simples, a Terra tem e terá sempre o mesmo tamanho, um tamanho finito e aumentar a população continuamente é ir de encontro ao caos.
Nesse momento a Marília faz uma boa intervenção ao dizer que falar em controle da natalidade é bater de frente com a ignorância, com a Igreja e com a fé. Sempre foi assim, mas o ecoeconomista, já responde usando exemplos e principalmente usando uma palavra chave. Durante toda a entrevista ele falou em vinculação. Achei bárbaro porque é isso mesmo. Estamos todos vinculados e se nesse momento o seu coração esta batendo e o meu também é porque tem um ser vivo na Terra que armazena luz do sol que são as plantas, assim como o oxigênio etc.
O materialismo é outra questão, porque a degradação ambiental não vem somente das ações individuais e coletivas, ou da falta delas, mas das estruturas que o homem cria ao seu redor. Carro, casa, celular etc.
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"Os economistas agem como se a natureza não fosse uma variável relevante. Todos os textos que abordam o tema desmistificam a preocupação com a questão ambiental, com a restrição ao crescimento de um planeta finito e pior, chegam a ponto de abraçar trabalhos “estatísticos” (sobre os quais a dúvida deveria ser maior que a certeza) que declaram ser o aquecimento global um não evento para as economias. Essa certeza dos economistas é assustadora."
Hugo Penteado
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Com relação ao clima, o que interessa não são as consequências, na verdade o que interessa são as causas. Não interessa que a temperatura vá subir 1 ou 2 ou 3 graus celsius porque a única coisa possível de ser alterada agora, nesse momento, são as causas.
E vai daí que se entra na questão do PIB, do crescimento econômico e no assustador crescimento da China.
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"Os economistas estão convencidos em não se preocupar com o meio ambiente, como se não precisássemos dele para nada, por três motivos: restrição ao fluxo migratório de populações (os Estados Unidos jamais aceitariam receber 60 milhões de brasileiros miseráveis), comércio global (o que eu não tenho mais no meio ambiente, importo devastando outras regiões) e pobreza mundial (dois terços da humanidade vivem em miséria ou pobreza absoluta, qualquer elevação no seu padrão material colocará em xeque a crença infantil dos economistas sobre a inesgotabilidade do planeta)." Hugo Penteado.
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Quem faz o mundo do jeito que ele esta somos nós e esse é o princípio de tudo. Mas uma vez, a vinculação esta presente. São perguntas como: de onde veio isso, como isso foi fabricado, qual o custo real.
Com isso entra o que ele chama de custo ambiental ou seja quando você coloca gasolina no seu carro não entra no custo do combustível, quem ou que morreu para que aquele combustível fosse parar no seu tanque, que poluição foi produzida, o aquecimento global etc.
Mudança da matriz energética foi outra abordagem dele na questão do combustível fóssil. E o biocombustível ainda esta longe do ideal porque tem a questão do transporte.
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"A Ecoeconomia parte de uma revisão total dos valores vigentes, não apenas econômicos, mas humanos. Nós temos que entender que fazermos parte de um corpo imortal chamado espécie humana e que esse corpo depende de uma série de elos com a natureza, sem os quais, irá perecer. Uma vez entendido que se trata de um corpo imortal, cujas ações repercutirão sobre as gerações futuras, precisamos remodelar nosso sistema de valores em busca do equilíbrio. O atual consumismo exacerbado em cima de um sistema do tipo extrai-produz-descarta precisa ser abolido das nossas vidas." Hugo Penteado.
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Na questão da soja, a grande vilã no Brasil, ele afirma que boa parte do que é produzido vai para alimentar o gado e issso gera um grande problema: "ninguém come a vida do boi, come a morte do boi. A vida o boi usou para ele viver, com a energia que ele recebeu atravês dos alimentos. Então qual é a eficiência alimentar de comer carne? Ela é 1/10 da eficiência alimentar se dessem todos os grãos dados ao gado para as pessoas."
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"A ecoeficiência faz uso dos mesmos mitos da teoria econômica tradicional, não reconhecendo limites nem os erros do atual sistema. É um ajuste nos sistemas de produção e consumo, com vistas a aumentar os lucros, ou seja, é visto como oportunidade de ganhos e não de revisão dos erros atuais. Trocando em palavras, o limite para produzir carros ecoeficientes ou não sempre existirá, não vou poder produzir três trilhões de carros só porque eles são ecoeficientes, isso é um absurdo, imaginar que temos que fazer crescer a produção de todos os bens sem esbarrar em limites. Um carro produzido não irá para a copa de uma árvore, requer asfaltamento da terra, que deixa de ser um reservatório de biodiversidade, deixa de ser usada para agricultura."
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Segundo Hugo Penteado, as mudanças de hábitos de consumo são fundamentais, levando em conta aquelas premissas, de onde vem e o que se vai fazer com aquilo, ou seja, pilhas, baterias, lâmpadas são alguns exemplos.
Ao fazer uma reforma em casa, saber de onde vem aquela madeira, uma vez que o brasileiro consome 85% da madeira ilegal do País.
Uso do carro, na cidade, ele mesmo não usa, em viagens longas, ainda sim, uma vez que tenta evitar o avião. Quando é impossível, o ecoeconomista descarboniza suas viagens e explica: Tem companhias áereas que incluem no preço da passagem um valor que será destinado a descarbonização da sua viagem ou seja esses recursos serão destinados a plantação de árvores. Em resumo, consumo consciente é isso: se aquele consumo degrada o meio ambiente, ele prefere não consumir ou pagar mais para um que não degrade.
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"Você precisa ser a mundança que gostaria de ver no mundo."
Ghandi.
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Com essa frase Hugo Penteado terminou sua entrevista bacanérrrrima, nada ecochata e muito esclarecedora.
Alias, esse post, eu dedico a um conhecido meu, ambientalista, que acaba de me contar feliz da vida que trocou de carro...pois é....
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** Em tempo, corrigindo um erro imperdoável, o meu conhecido, explicou via email que não comprou um carro novo e sim um novo carro e o mesmo é mais velho que o outro e movido a gás. ;)

Comentários

Hugo Penteado disse…
Poxa, gostei muito mesmo da descrição que você fez, suas palavras e arranjos soaram melhores, até porque isso não faz mais parte de mim, faz parte do mundo que eu quero ver cada vez melhor para todos e não apenas para alguns. Esse sonho não podemos nunca abandonar. O mundo nunca esteve tão preparado para essa mudança como agora, porque o debate está aberto e todos estão hoje caminhando nas ruas com perguntas sem respostas. Fazer essas perguntas é um sintoma fantástico. Não significa que esse caminhar não será difícil e não terá tropeços. Significa sim que iremos fazê-lo. Na verdade, as palavras que você escreveu agora são de todos, muito obrigado e parabéns,

Abraço

Hugo
hugopenteado@uol.com.br
hã, hã, eu tenho que confessar que estou com o rosto ardendo de tão quente. Não sei se vc é realmente vc ou algum amigo querendo brincar comigo, até pq alguém que esta preocupado em salvar o planeta não estaria na Internet e muito menos lendo um simples blog. De qq maneira, sendo vc ou não, agradeço a gentileza da visitinha e reintero, sua entrevista foi ótima. Eu não costumo ler e mesmo parar para ouvir nada a esse respeito só pela abordagem mesmo. Acho chata, cansativa e muitas vezes extremista. Se pudesse mudava tudo nesse sentido e começava com quem realmente vai herdar o mundo, as crianças e os jovens.

Bom, Hugo (ou não, rss) parabéns mesmo. Vc conseguiu prender a atenção, conseguiu se fazer entender claramente e ainda que eu seja apenas uma partícula do universo fez com que eu me mobilizasse para escrever a respeito e espalhar por email tb.
Vinculação é essa a palavra! :)

abrs
Andrea
Anônimo disse…
Hugo e Andréa, realmente existem os ecochatos de plantão, mas cada um tem a sua forma de chamar a atenção para uma consciência sócio-ambiental. Eu também sou economista e milito na área de Economia Ambiental. Sei o quanto é difícil massificar a conscientização sobre a responsabilidade de cada um, como bem disse Mahatma Ghandi em sua célebre frase, que foi citada pelo Hugo ao final da entrevista. Estamos num momento muito rico de questionamentos, novas reflexões, revisão de modelos, novos parâmetros e paradigmas. Por isso, acredito que com a força da natureza (compulsória), a cada dia haja mais pessoas se conscientizando de seu papel hoje quanto ao meio ambiente, para que haja a perpetuação das futuras gerações, ou seja, da nossa própria existência. Sim, muitos ao menos o farão para salvar a própria pele. Tudo pelo social!
Alessandro disse…
Poxa vida...

É um trabalho muito complicado, mas importantíssimo e que deve ser realizado. Requer a mudança de muitos comportamentos, em nível global.

Quantos interesses seriam atingidos?

Quanta gente que se vê em situação tão cômoda estaria disposta a mudar?

E como mostrar aos que vêm por aí que é preciso mudar o modelo antes que seja tarde, se há tantos dispostos a deseducá-los?

Bom, cruzar os braços e deixar ser como está é o que não vale. Creio que um passo importante, o primeiro deles, é repassar o recado e aumentar o grau de conscientização. A ver o que se passa! :-)

Beijo pra ti, Anja!
Muito Obrigada pelo seu comentário, Rosana.

Eu confesso que estou feliz com a repercurssão desse post, sabe?

É pouico diante do mundo que se tem pra fazer, mas é um começo.


Um grande abraço e sucesso pra vc!


Andrea
Hugo Penteado disse…
Andrea, sou eu mesmo, realmente não tenho tempo, mas o seu blog chamou atenção de outras pessoas. Você tem um dom de se expressar muito bom e deveria mergulhar mais nesses temas. Se quiser, mande um email para mim que eu a incluo na lista de dois emaíls diários. Estamos formando um grupo cada vez maior e isso é importante. A Rosana está nesse grupo e é uma pessoa maravilhosa e eu fico cada vez mais otimista com pessoas cada vez mais envolvidas. Depos da entrevista, eu recebi tantos emails que até agora não pude responder, mas estou respondendo um a um. Finalmente, isso não é uma questão de mérito pessoal, mas humanitária e não depende de mim, nem de você, mas de todos e isso torna absolutamente verdadeira a frase do Gandhi.

Abraço
Hugo
hugopenteado@uol.com.br

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