"Ninguém devia temer seu governo.
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O Governo é que devia temer seu povo."
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Fomos ver "V de Vingança".
Pois é, nada premeditado, até porque com o massacre atual dos HQs em películas, eu não tinha muito interesse, mas naquele horário era só o que tinha para assistir e eu encarei.
Não é um filmão, mas não chega a ser ruim. É bom. A trilha sonora arrebenta, mas em algumas partes do filme confesso ter torcido para estourar os tímpanos com um bom Pink Floyd, apenas instrumental, mas pesando a mão nos metais, parecia perfeito para várias cenas.
De qualquer maneira, a trilha deu o tom devido, indo do jazz ao rock na medida certa. Visualmente também dá conta do recado, muito embora aquela máscara pareça desproporcional ao corpo do ator, Hugo Weaving, um detalhe que não desmerece a atuação, ainda que seu rosto jamais apareça.
Para quem nunca ouviu falar nesse HQ, como os dois adolescentes que estavam atrás de nós, além de estranhar, vai achar ridículo, mas isso muda durante o filme e foi muito interessante ouvir o comentário dos dois.
Particularmente, detesto conversa no cinema, mas nesse caso gostei de ouvir porque ao longo do filme a opinião dos dois foi mudando e o papo na saída do cinema foi qualquer coisa, mas eu chego lá.
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”A história começa após um aparente hecatombe nuclear, a Inglaterra mergulha no caos. Depois de algum tempo, a ordem volta a se estabelecer, mas de forma ditatorial. Um governo fascista caça os direitos civis, impõe a censura e rechaça qualquer tentativa de oposição ao que impõe.
O medo profetizado no século XX, do estado vigiando o cidadão e tolhendo sua liberdade de expressão, se materializa nessa Inglaterra onde o estado tem olhos, ouvidos, nariz e dedos. Como já ocorreu na história real do mundo, nessa ficção os ditadores também têm seus campos de concentração, nos quais os não adequados à nova ordem são interrogados, torturados, mortos e, algumas vezes, submetidos aos mais asquerosos experimentos.

Eis que mesmo nesse regime totalitário/fascista uma voz se levanta e ousa proclamar a possibilidade de uma outra forma de vida, na qual não haja regras e leis arbitrárias, em que a liberdade e as individualidades sejam valorizadas e conduzam a um novo cenário, um personagem designado simplesmente "V" é o porta-voz dessa idéia.”

"V" defende a anarquia pura, a necessidade de destruir o atual e daí se criar um novo. Obviamente, uma sociedade reprimida por um estado totalitário responde rapidamente, se apegando ao conceito como tábua de salvação. Assim, os ideais anarquistas se multiplicam e encontra eco.

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É interessante notar como a conversa dos adolescentes dá voz aos pensamentos, no caso, os meus. É impossível não fazer um paralelo com a situação atual do Brasil e a inércia do povo e aí eu me incluo, claro! Não me isento de culpa, ainda que tenha sido uma das caras pintadas do Brasil e de ter ido às ruas pedir a cabeça de um Presidente.
Eles saíram do cinema conversando sobre isso, sobre como seria bom se houvesse um levante da população, estavam empolgados conversando, debatendo, fazendo paralelos com ambas situações e melhor: pensando!
Eu amo quando um filme me faz pensar, mais ainda quando noto que não sou a única e quando vejo em outros ainda que pelos minutos de uma projeção cinematográfica que eles também estão pensando o mesmo que eu. Gostei de ouvir, afinal sou uma romântica da velha tradição, idealista até o último fio de cabelo, que adoraria fazer parte de algo assim que acordasse corações e mentes e mudasse para sempre este mundinho caótico.
É, cinema tem dessas coisas.

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