Vírginia Woolf era bonita, mas não de uma beleza de anjo, daquelas que caídas do céu, explícita. Vírgina era implícita, fluídica. Aquele tipo de beleza da qual não se tem muita certeza, fugaz e dúbia, tanto que mesmos os amigos mais chegados jamais chegaram a um consenso quanto a cor dos olhos dela.
Talvez fosse essa beleza e sua personalidade única, angustiada que fazia dela uma mulher apaixonante. Todos se apaixonavam por Vírginia, homens e mulheres.
Sua vida foi pontuada de perdas importantes, primeiro a mãe, depois a irmã, mais tarde o pai e logo depois o irmão. Vieram as crises nervosas e as tentativas de suicídio.

Aos seis anos Vírginia sofria com o pavor que tinha a seu meio-irmão, de vinte anos que insistia em manter uma relação incestuosa fato que a marcou até a sua morte.
Com a saúde delicada teve sua educação limitada a aulas particulares, por um lado limitou-a, por outro vez dela o geniozinho da família. Tinha livre acesso a Biblioteca de seu pai e lá se perdia entre os grandes autores embalados em luxuosas encadernações.


“Pense como fui criada! Jamais pude aproveitar o que uma escola oferece: bagunça, gírias, vulgaridade. O tempo todo vivi perambulando entre os livros de meu pai.” Foi assim que Virginia Woolf respondeu à escritora Vita Sackville-West, sua paixão durante 20 anos, quando esta a acusou de reprimida. Nascida em Londres, ela passou a infância no puritanismo da era vitoriana, protegida pelo pai, e não freqüentou a escola. Sua juventude, no entanto, foi numa época de intensas transformações sociais. Essas duas fases tiveram influências decisivas na sua vida e obra. Nos romances Mrs. Dalloway e Orlando, ela abordou o amor entre mulheres com talento e sensibilidade inéditos na literatura, embora nunca tenha assumido sua condição homossexual. Casada com o editor Leonard Woolf, Virginia participou com ele do grupo de Bloomsbury, formado por artistas e intelectuais."


Contraditória sempre, acusada de reprimida e considerada uma "liberada" para os padrões da época. Esse era o fascínio de Vírgina Woolf e seus livros. Ela comprendeu logo que só poderia ser uma escritora ao se libertar do comportamento vigente, de sua condição de mulher, da esposa que esperava pelo marido todo fim de tarde.






Quando publicou Orlando estava com 36 anos, casada com o devotado Leonard Woolf. Nessa época a androginia andava pelo ar e Orlando escrito numa torrente violenta que se estende por três séculos da história da Inglaterra percorre com perfeição esse momento. Orlando é alternadamente homem e mulher.
Orlando chegou com um certo atraso nesse aspecto, já em 1898, Freud acreditava na bissexualidade humana chegando a considerar todo ato sexual como um acontecimento entre quatro pessoas.

Um crítico na época chegou a dizer que a água é a substância do romance de Vírginia e não um elemento decorativo. O trágico apelo das águas...Quem buscou a morte nas águas de um rio conquistou o direito de ter deixado em uma obra sutil essa frase banal.



O trágico apelo das águas... o mesmo apelo que a fez encher seus bolsos com as pedras e se jogar rio Ouse.


"Tenho a impressão de que vou ficar louca. Ouço vozes e não posso concentrar-me no trabalho. Eu lutei mas não posso continuar. Devo a vocês toda a felicidade da vida. Vocês foram perfeitos. Não posso continuar a estragar suas vidas." Bilhete deixado para o marido.

Vírginia Woolf - 25/01/1882 - 28/03/1941


andrea augusto©angelblue83 - com inserções biográficas do livro Orlando.

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